Na escola que eu queria para crianças e jovens, nestes dias de pouco caso ao que aprendi como essencial, as boas lições de antes andariam de mãos dadas com as novidades, vivências de agora conectadas com atenção plena e o conhecimento aprofundado.
Fariam parte das atividades certas boas práticas que se perderam, como as feiras de ciências e de artes, a ginástica e os esportes, as lições de boas maneiras e de respeito às diferenças, a reflexão sobre religiosidade. Construção do hábito da leitura, da interpretação de textos e da escrita; exercícios matemáticos para manter os neurônios em boa forma.
Novidades necessárias, entrariam em cena a preservação da natureza, a prática de alimentação saudável, as hortas comunitárias; direitos em sintonia com deveres, cultura da paz e da espiritualidade. E um espaço dedicado à música de qualidade, aos corais e instrumentos, ao artesanato.
Haveria, no estabelecimento de ensino que eu imagino adequado e necessário a todos os brasileiros em idade escolar, momentos dedicados à educação patrimonial. Em um programa integrado às demais disciplinas, para estudantes e comunidade escolar em geral conversarem sobre o que é de todos, desfazendo o equívoco de quem pensa ser de ninguém. Instigando a troca de opiniões a respeito do que é de caráter público, focando na necessária defesa desse patrimônio, criado com a finalidade de ter serventia comum.
Em conversas estudantis bem orientadas, expor problemas causados pelo simples varrer do lixo para os bueiros, impedindo que a água da chuva siga seu curso seguro, resultando em alagamentos e desabrigos. Em reuniões sem cunho partidário, analisar possíveis consequências dos desvios de verbas públicas, da falta de princípios e até de humanidade daqueles que se apropriam de materiais que serviriam para melhorar a vida de tantos adultos e tantas crianças; dos que, sem precisarem, se alimentam do que seria o único alimento de outros, que negociam medicamentos chegados para salvar vidas sem cobranças.
Na escola para as nossas crianças e os nossos jovens, parceria mais do que perfeita entre as boas lições de antes com as de agora, aulas de educação patrimonial teriam lugar de destaque. Principalmente para esclarecer: o que é público é de todos nós, mesmo que haja pessoas pensando e agindo como se pertencesse a ninguém.
Cristina André
Publicado em 23/8/24