Às 13 horas de uma quinta-feira de fevereiro, em um verão que gente nova não conheceu, fui dada à luz deste mundo. E a partir daquele momento extraordinário, em que a vida se manifestou através de mim, perdi a conta dos sóis e luares que me iluminaram caminhos, das águas doces e salgadas banhando meus dias, das melodias perfeitas de cada momento. Então, faço questão de celebrar cada aniversário.
Mas se engana quem acredita que me falte consciência da realidade deste lugar em que cheguei, trazida pelas mãos da existência durante um sopro de amor; sei que está muito longe de ser o Paraíso. Chama-se Planeta Terra, esta grandiosa casa que me abriga, tenho conhecimento disso. Também já entendi, não estou entre anjos, somos todos humanos, logo, imperfeitos. Ainda assim, comemoro cada ano de vida.
Organizo, ano após ano, no dia e no mês da minha chegada, festejos muito particulares, o coração e a alma são meus convidados. E na observação de chegadas e partidas, de tristezas e felicidades se alternando rotineiramente, de lembranças e sonhos se atravessando no momento agora, escolho comemorar o curso natural dos ventos, a liberdade do destino, o constante desafio que nos transforma em equilibristas.
Faço-me celebração, todos os anos, neste dia especial em que desembarquei no mundo e, ao ser oferecida à luz do universo, fui aceita. Em uma estratégia perfeita, o milagre me colocou em berço aconchegante, me alimentou de esperança temperada com amor, me vestiu de abraços inesquecíveis, me permitiu sonhos admiráveis sem que eu me perdesse da simplicidade.
Há poucos dias, comemorei mais um aniversário. Nasci às 13 horas do dia 23 de fevereiro, uma quinta-feira, em um daqueles verões que gente jovem não conheceu. Me emociono ao pensar no momento em que fui dada à luz deste mundo e a vida se manifestou através de mim. Bondosa que só ela.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 25/2/22