O bacana do Natal pra mim é a celebração, a festa com os parentes e amigos; estar junto daqueles que fazem parte da minha vida, que estão nesta viagem comigo.
Vale muito reviver os momentos relevantes, engraçados e dramáticos que se juntam como uma colcha de retalhos de vó. Presente e passado no encontro do ano.
Importante nesta celebração de Natal são as experiências revividas com o coração, que se manifestam em abraços, risadas e até choros guardados. Que o celular seja usado para o contato com quem está longe e desligado em respeito aos que estão perto.
No Natal, a mãe é a festa; o pai, o ambiente; os avós, as doces lembranças; os tios, cúmplices oficiais; os primos, a gozação; e as crianças, a euforia.
Todos juntos reunidos no templo familiar. Até mesmo os que já partiram voltam nas histórias contadas. Nos corpos que mudam se revela a passagem do tempo; traços de muitos momentos vividos.
Em meio ao falatório, os olhares conhecidos, as crianças recém-nascidas e as crescidas; jovens que amadureceram; o comando dos antigos chancelando registros na oralidade. O cachorro pula e o gato se esconde. O burburinho avança, sintetizando a energia da comunhão.
Uma árvore enfeitada e sobre a mesa a refeição cuidadosamente preparada. Pratos obrigatórios distantes do meu paladar, como arroz com uvas-passas, e outros tantos que degusto com os olhos fechados de prazer, destacando as pastas árabes e os doces cremosos.
Atualmente, as festas de Natal são na minha casa, onde vivo a maturidade. Já curti o Natal como criança, como jovem, e agora como pai e avô. O tempo passou, nem percebi, surfando pelo analógico e o digital. Sou da geração que viveu o surgimento da televisão e vive a Inteligência Artificial numa torrente de mudanças e adaptações.
No período que antecede o grande evento, as lojas fervilham com clientela alucinada; as filas do supermercado são longas e lentas; os compromissos se multiplicam e o fenômeno da correria se manifesta no coletivo, até os aposentados correm.
O Natal não é uma festa qualquer, é uma celebração à vida, ao nascimento de Cristo, à família, aos momentos do coração; de dar vida aos que já partiram, de resgatar a infância, de acreditar em Papai Noel e de trocar presentes e afetos.
Se fala muito em magia de Natal por conta de tanta emoção acumulada, e, principalmente, pela sintonia com o identitário que caracteriza o ser humano original.
Nas lembranças de natais passados, estão cenas bacanas como recreios em semana de provas. Vejo meus pais protagonizando momentos de acolhimento e alegria; avós e amigos da família numa egrégora vital. Então, se aos que partiram só me restam as lembranças, que eu saiba confraternizar com os que estão aqui, fortalecendo a magia do Natal, que se resume em celebrar a luz da vida.
A Maior Mensagem
Em maio deste ano, nós, gaúchos, passamos por um drama muito forte com a grande cheia. Ninguém escapou, direta ou indiretamente fomos todos afetados.
Casas e memórias foram inundadas e arrastadas. Muita coisa se foi com as águas barrentas, mas é preciso destacar o enfrentamento. A força do voluntariado que salvou, acolheu, limpou e reconstruiu foi muito mais forte que a lama e o que ela levou; muito mais forte.
A ajuda que veio de todos os lados é algo extraordinário; o povo ajudando o povo. Desconhecidos resgatando pessoas de telhados e carregando nos ombros até os barcos; grupos preparando refeições para os flagelados. Os que encheram carretas e porta-malas com doações; os que possibilitaram a distribuição; os que se arriscaram para não deixar ninguém pra trás. Todos os que ajudaram no anonimato com o propósito de salvar e acolher formam a maior mensagem de Natal de todos os tempos. Ações que nunca serão esquecidas. Feliz Natal!
Próxima Edição – Retrospectiva do Ano e os Pontos Positivos e Negativos de 2024.
Leandro André
Publicado em 20/12/24