Era feriado religioso de Sexta-feira Santa. O dia amanhecera lindo, céu de brigadeiro, como dizem os pilotos da Aeronáutica quando as condições de voo são favoráveis. Para nós, que percorreríamos cerca de cento e sessenta quilômetros de carro até uma pequena cidade localizada no Vale do Taquari, aquele céu foi mais do que favorável, representou extraordinário presente.
Roteiro feito na véspera, lá fomos nós, uma família guaibense na estrada, corações emocionados, rumo ao Cristo Protetor recém-construído em Encantado, município com população estimada em vinte e três mil pessoas, com expressiva maioria descendendo de italianos. Levados também pela curiosidade a respeito do monumento, maior do que o Cristo Redentor, do Rio de Janeiro.
Ainda não tínhamos chegado ao nosso destino, já estávamos deslumbrados com o visual daquelas montanhas. Entre subidas e descidas, tentando enxergar o Cristo de longe, eis que chegamos a Encantado. E, para nossa surpresa, a cidade estava em total silêncio, ninguém pelas ruas, nada de comércio aberto, apenas a beleza e o capricho de chamar a atenção.
Naquele momento, lembrei como aconteciam as sextas-feiras santas nos tempos em que fui criança. Era exatamente assim na nossa família católica de origem italiana. Deveriam estar todos na Igreja ou em suas casas, pensei.
Encontramos, então, um bonito espaço de convivência municipal, com praça, ginásio de esportes e um grande restaurante, que estava lotado. Logo que chegamos na entrada principal, um casal de moradores sinalizou que nos cederia a mesa. E quando souberam que éramos visitantes, contaram sobre a alegria de nos receber por lá, da programação religiosa que começara antes do amanhecer. E sobre a procissão que levara milhares de pessoas até o novo monumento.
Depois do bom almoço, temperado com o carinho e a cordialidade daquelas pessoas que nos receberam tão bem, fomos conhecer o monumento que chamaram de Cristo Protetor, braços abertos para o belíssimo Vale do Taquari.
E que história emocionante, a que nos foi contada, da decisão até a construção do Cristo, resultado de um trabalho alicerçado na fé contagiante da população daquele pequeno e extraordinário município gaúcho.
Antes de voltarmos, passamos pela Igreja Matriz de São Pedro, uma obra espetacular, por dentro e por fora, que lembra a Catedral de Siena, localizada no Norte da Itália. Muitos encantadenses faziam suas orações, e nós, uma família guaibense agradecida por estar ali, acompanhamos.
Avistando o Cristo Protetor lá no alto da montanha, pegamos a estrada de volta para casa. Encantados com o lindo passeio.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 17/6/22