O Alvo Errado

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Desde a última quarta-feira, nada mais será Alles Blau em Blumenau.  Especialistas dizem que 1% da população mundial sofre de algum grau de psicopatia. Psicopatas são pessoas que possuem algum transtorno mental caracterizado por traços de personalidade que incluem egocentrismo, falta de empatia e de remorso, além de um comportamento antissocial com dificuldade de inibir ações prejudicais às pessoas. Isso significa que convivemos – lado a lado e em algum lugar do mundo – com 75 milhões deles.

Pois um desses, brasileiro como nós, mas monstro como poucos, invadiu uma creche em Blumenau essa semana, a segunda cidade mais alemã do Brasil – a primeira é Pomerode. E, com uma machadinha nas mãos, transformou quatro crianças em anjinhos. Outras cinco também foram atacadas, mas felizmente, sobreviveram e passam bem.

O ataque ocorre menos de dez dias após uma escola em São Paulo ser alvo de um adolescente que matou uma professora com golpes de faca, deixando outras três feridas, além de um estudante. Portanto, virou moda. Isso significa que alguma coisa está errada. Antes, víamos esse tipo de notícia chegar especialmente dos EUA ou de países islâmicos e extremistas. Agora, não mais. É aqui do nosso lado…

Engraçado é que esse tipo de ‘valentia’ dos psicopatas é sempre contra uma escola ou uma creche… Por quê monstros dessa estirpe não invadem um quartel do BOPE, por exemplo, para exercitar o seu transtorno???  Escolhem sempre o alvo errado…

 

* * *

A quaresma, sabemos, é aquele período de quarenta dias subsequentes à quarta-feira de cinzas, em que os católicos e algumas outras comunidades cristãs se dedicam à reflexão e penitência em preparação para a Páscoa. Alguns passam todo esse período em abstinência à carne vermelha como uma forma de demonstrar solidariedade e respeito a Jesus. Eu sou de um tempo em que apenas na quinta e na sexta-feira santa – período final da quaresma – não se comia carne vermelha ou derivados. Era a hora e a vez daquele peixinho na mesa. E um bom vinho, é claro, porque ninguém é de ferro. Na sexta, nada de música alta, jogos de azar, diversão, bagunça ou gritaria. Os mais antigos sequer varriam a casa ou penteavam os cabelos. O sacrifício mesmo vinha ao amanhecer: a colheita da Macela (ou da Marcela???). Mas por que sacrifício? Reza a lenda, que as propriedades curativas da planta, principalmente para o tratamento de problemas estomacais, somente fazem efeito se for colhida na sexta-feira santa antes do sol nascer. Traduzindo: nessa época do ano, estamos falando de cinco e meia da manhã.

A criançada arteira, por pior que fosse a travessura, não poderia apanhar na sexta-feira santa. E isso era bom. No entanto, depois das 10 horas da manhã do sábado – quando o consumo de carne também era liberado – chegava a hora de ‘romper a aleluia’ no lombo dos capetas mirins. Mas depois, no domingo de páscoa, o coelhinho sempre trazia um ninho cheio de doces. Hoje, nem tão cheio assim, porque a chocolatama está muito cara…

 

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A sexta é santa. Mas o sábado é de aleluia. Dia em que conheceremos o Campeão Gaúcho de 2023. Colorados apenas de joelhos, em penitência e jejum, não de carne mas de títulos, com um chicotinho surrando as próprias costas. E tal qual Judas, torcendo para o Caxias…

 

Daniel Andriotti

Publicado em 7/4/23

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