O Abraço

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Estive no Centro de Acolhimento Humanitário que a Prefeitura de Guaíba instalou, no prédio da antiga Casa da Construção, na Avenida Nestor de Moura Jardim. No Clube Itapuí o espaço ficou apertado, então foi preciso mudar.

Importante ressaltar o serviço prestado pelo Itapuí, cedendo sua sede, com trabalho voluntário dos associados. O Rubro Negro prestou um serviço relevante às pessoas afetadas pelas enchentes nos municípios de Guaíba e Eldorado do Sul.

Fiquei impressionado com o tamanho do Centro de Acolhimento da Nestor e com a quantidade de donativos, tudo separado por ilhas, com intensa movimentação de entrada e saída de mantimentos; doações vindas de todo o Brasil. Pessoas por todos os lados separando roupas e calçados, carregando mantimentos, organizando pilhas de roupas e de diversos produtos a serem distribuídos; uma fábrica de solidariedade operando a todo vapor. Lá, encontrei muitos conhecidos e amigos, muitos trabalhando como voluntários, outro ponto relevante que devemos ressaltar em meio a esta tragédia climática.

Fiquei especialmente impactado com a maneira como  fui recebido naquele local de trabalho solidário: quase todos me cumprimentavam com um abraço, senti que era espontâneo, fazia parte daquele contexto. Na verdade, o abraço representa o acolhimento. Mais uma experiência positiva que tive em meio a este momento de muita tristeza.

 

Críticas e Reflexões

Fui convidado para participar de uma reunião de moradores do Loteamento do Engenho, na qual seria debatida uma ação da Prefeitura, que abriu um canal de escoamento das águas, o que teria provocado o alagamento inédito em todo o Loteamento. Entendo que isso precisa ser devidamente esclarecido, com laudos técnicos, assinados por profissionais da área. E se forem constatados erros estratégicos, que aconteça a devida responsabilização.

A Gazeta Centro-Sul não se omite em abordar e divulgar temas de interesse social, sejam eles polêmicos ou não, mas entendemos que o foco neste momento deve ser acolher e ajudar na reconstrução. Críticas e reflexões ficam para depois que a água baixar.

Neste caso do Engenho, entendo que a presença de políticos na discussão, em ano eleitoral, pode abrir margem para palanque. Vamos abordar este assunto com técnicos e divulgá-lo no momento certo, sem envolvimento partidário.

 

Andando pelo Bairro Santa Rita

Passei grande parte da tarde de quarta-feira, 15 de maio, circulando pelo Bairro Santa Rita/Cohab, um dos mais populosos do RS. O nome do Bairro é somente Santa Rita, mas uso barra Cohab, pois o último nome faz parte da história do lugar.

A inundação aconteceu rapidamente no Santa Rita, pegando a comunidade de surpresa no sábado, 4 de maio. De repente, a água começou a subir e os moradores tiveram pouco tempo para sair e salvar seus móveis e pertences. Há uma versão de que o Rio Jacuí transbordou com muita força em local inédito. O que intriga neste caso é como isso não foi previsto pela Defesa Civil. Um ponto a ser aprofundado.

Conversei com alguns moradores do Bairro na quarta-feira, 15. Eles trabalhavam com mangueiras e lava-jatos para recuperar o que podiam, tirando a lama grudenta. Havia uma determinação naquelas pessoas em arrumar o que fosse possível para recomeçarem suas vidas; uma lição de força de vontade. As falhas ficaram para serem debatidas mais tarde.

Todas as ruas tinham montanhas de móveis e equipamentos estragados pela água nas calçadas. Aqueles resíduos estavam ali para serem levados e com eles os momentos ruins que a enchente provocou.

Espero que estes anúncios de auxílio governamental cheguem de verdade a quem precisa e não fiquem nos discursos midiáticos. Vamos acompanhar.

 

Leandro André

Publicado em 17/5/24

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