Nunca Antes na História…

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O silêncio é um aliado ou a própria língua é o maior adversário de políticos despreparados? Bobagens ditas por líderes ou Chefes de Estado ao longo da história jamais vão passar despercebidos. Principalmente agora, na era das cruéis e traiçoeiras redes sociais, que não perdoam ninguém e onde tudo vira meme. A maioria delas, foram gafes cometidas pelos malditos improvisos que são inerentes dos discursos políticos. E isso não é uma exclusividade de brasileiros. Os norte-americanos George W. Bush e Donald Trump; o francês Jacques Chirac e o britânico Charles – só para citar os mais expoentes – são colecionadores de declarações que são verdadeiros absurdos verbais.

Por aqui, no entanto, temos bons representantes. Durante seus quase seis anos de governo, a ex-presidente Dilma ficou rotulada por cometer uma série de deslizes nas suas falas. Algumas vezes por desconhecimento de quem escrevia seus discursos, como aconteceu por exemplo na abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro quando disse que o Brasil era o primeiro país latino a sediar os jogos, esquecendo que o México havia feito isso em 1968. Dilma fez saudação à mandioca como uma das maiores conquistas do Brasil; projetou o futuro com a pérola “…nós não vamos colocar uma meta. Nós vamos deixar uma meta aberta. Quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta”; valorizou a inflação como “uma conquista do seu governo”; garantiu que “…as mulheres do Bolsa Família são mulheres” e sugeriu a possibilidade de estocar vento, entre outras tantas.

Em 2019, numa das suas primeiras viagens como presidente, Jair Bolsonaro foi à Israel. Quando visitou o museu do Holocausto, em Jerusalém – que lembra as vítimas do genocídio de 6 milhões de judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra – disse que o nazismo era de ‘coisa da esquerda’ porque tinha ‘Nacional Socialista’ no nome. Mas foi durante a pandemia que Jair Bolsonaro colecionou muitas das suas falas impensadas: “…é muito engraçado: falar em Cloroquina é crime, mas falar em maconha é legal”. E ainda: “…muitas vítimas tinham algum tipo de comorbidade. Então, a Covid apenas encurtou a vida delas por alguns dias ou algumas semanas…”. E, para mim, a pior de todas: “…não está havendo morte de criança que justifique algo emergencial, como a compra de vacinas, por exemplo…”

Durante a última campanha presidencial, Lula sugeriu com uma naturalidade ingênua que a guerra entre Ucrânia e Rússia fosse resolvida com uma cervejinha – desrespeitando diplomaticamente os países envolvidos e ultrajando os mortos e seus familiares. Semana passada esteve na Argentina e elogiou o país vizinho que “fechou o ano com uma situação privilegiada”. A Argentina terminou 2022 com uma inflação beirando os 94,8%; uma taxa de juros de 75%; um dólar valendo 184 pesos argentinos e 40% da população em situação de pobreza. Mas seus mandatos anteriores também renderam boas pérolas aos microfones. Em 2008, quando se avizinhava uma crise financeira internacional sem precedentes, Lula soltou: “…lá (nos EUA) é um tsunami. Aqui no Brasil, se chegar, vai ser uma marolinha que não dá nem para esquiar (!!!)”.

Políticos certamente dizem muitas coisas das quais se arrependem mais tarde. Até porque a reação da opinião pública é imediata na vida ‘on line’. Quando percebem essas aberrações da língua a tendência é para uma correção pública. A preocupação da sociedade, em última instância, é que os governantes não digam bobagens sobre aquilo que realmente interessa: o bolso, a fome e a democracia.

 

Daniel Andriotti

Publicado em 03/2/23

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