No palco com uma estrela chamada Gazeta

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Jovem universitária que sonhava com justiça e liberdade para todos, era apaixonada por Matemática e queria ser professora. Admiradora das artes em geral, gostava de ler e de escrever, adorava ouvir música.

Em um certo dia, daqueles especiais, capazes de transformar o ar que respiramos em pura inspiração, parei de estudar para assistir um clipe (vídeo) da norte-americana Tina Turner na tevê, uma raridade para aqueles tempos de discos de vinil e toca-discos portáteis.

Com uma performance moderna ultrapassando os limites do que era conhecido na época, a estrela negra soltou o vozeirão e tomou conta das atenções, acompanhada por suas três backing vocals (cantoras que lhe davam sustentação vocal). Foi quando me dei conta da importância de quem faz parte de uma equipe de apoio, integrando o palco em segundo plano, mesmo não sendo a atração principal.

Pela primeira vez, cheguei a pensar que, não fosse o meu encantamento pelo magistério e os números, certamente gostaria de ser uma backing vocal, mesmo sabendo que a ideia habitava o universo dos sonhos distantes demais da realidade.

Assim, durante muito tempo, fui professora de Matemática, ocupando, feliz, o lugar profissional que parecia ser único e definitivo, com o qual me identificara desde a infância. Mas a vida, com sua mania de me surpreender, de repente colocou diante de mim a chance de subir em um novo palco de trabalho.

Eis que chegou um segundo dia, tão especial quanto aquele primeiro, com renovada capacidade de transformar o ar em inspiração. Meu parceiro de todas as horas me convidou a participar de mais um dos tantos desafios que compartilhamos, desta vez o de trabalharmos juntos em um novo jornal, com proposta diferenciada, responsabilidade e entusiasmo com a verdade, cumplicidade com a população. Aceitei de pronto.

Lá se vão vinte e oito anos desde aquele primeiro de outubro, dia do lançamento da Gazeta Centro-Sul, a estrela desse palco onde trabalho, feliz da vida, fazendo o que gosto.

Revisando textos, dando sugestões à equipe, escrevendo colunas ao som de boa música, criando novidades gastronômicas, informando em linguagem matemática, vibrando com as conquistas das pessoas, aprendendo sobre minha própria existência nesse que é o meu lugar no mundo.

Eis que, depois de ser professora, finalmente me tornei uma backing vocal, como aquelas do antigo clipe da Tina Turner que me impressionaram décadas atrás. Dividindo o palco com essa estrela chamada Gazeta Centro-Sul, ainda sonhando com justiça e liberdade para todos.

Obrigada, Gazeta!

 

Cristina André

cristina.andre.gazeta@gmail.com

Publicado em 1/10/21.

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