Visitávamos a Cidade Maravilhosa, onde gente de toda parte vive a se encantar com extraordinárias belezas naturais em sofisticada parceria com monumentos arquitetônicos antigos e modernos. Entre os bons passeios daqueles dias antes da pandemia, fomos rever o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, conferimos o pessoal que se aventura em asas delta no belíssimo bairro de São Conrado, jantamos em uma bela casa de samba na Lapa. Tudo isso com temperaturas de verão e o mar estendido a nossa frente.
Lembrei-me do nosso passeio ao Rio de Janeiro logo que começou a fazer esse frio antecipado, em um maio que mais parece agosto. Não porque eu quisesse estar longe de casa, à procura de sol e praia, mas pelas curiosidades.
Para ganharmos tempo, já no primeiro dia compramos um pacote turístico local que nos levaria ao Cristo Redentor e ao Pão de Açúcar, com parada para almoço em um bom restaurante de Copacabana, cardápio de comida brasileira. Durante a manhã, foi tudo perfeito, como se o monumento nos tivesse dado a sua bênção. O almoço, delicioso. A surpresa chegou logo depois do cafezinho carioca, quando o guia e condutor da van em que estávamos com outros turistas nos avisou que seria impossível seguir com o roteiro. “Roubaram a nossa van”, explicou. Então, providenciaram e pagaram táxis para todos nós, e continuamos com o passeio por nossa conta e risco.
Eis que chegou o dia de ir a São Conrado, lugar onde meu marido sempre sonhara em saltar de asa delta. E realizou o antigo sonho, enquanto eu esperava em um quiosque na praia. Sem saber qual era a asa delta em que ele estava, fotografei todo mundo que aterrissava naquelas areias, até que acertei. Tudo como ele esperava que fosse, uma beleza. Até ligarmos a tevê no quarto do hotel.
Enquanto nos aprontávamos para jantar com parentes cariocas, ligamos a tevê para ver o noticiário local, e o susto foi grande. Uma mulher havia caído de uma das plataformas de voo livre de São Conrado, de parapente, cerca de meia hora depois do sonho do meu marido ter se tornado realidade.
Fechamos aqueles dias adoráveis com um jantar na companhia de familiares e gente amiga. Em uma das melhores casas de samba da Lapa, um show à parte. Comida típica, sambistas renomados tocando e cantando, o pessoal dançando nas mesas e na pista ao ritmo da felicidade. Momento mais do que perfeito.
Até que a garçonete que nos atendia, com muita educação e simpatia, me falou da alegria que todos eles sentiam com a nossa presença, em como gostavam de ver turistas gaúchos na casa. Eu então lhe perguntei se conhecia o Rio Grande do Sul, e ela me respondeu que não. O seu marido até insistira para fazerem uma viagem para o Sul, mas ela nunca concordou, não gostava do nosso frio. “De que adianta sofrer com o frio e não ver neve?”, disse-me ela, sorrindo.
Lembrei-me do passeio à Cidade Maravilhosa logo que começou o frio desse maio que mais parece agosto. Nem tudo é perfeito.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 20/5/22