Em gesto típico dos meus dias dezembrinos, a árvore de Natal foi montada em lugar de destaque na sala. Arrumada com preciosa participação de familiares, toda bonita, tem bolas coloridas, estrelas e luzinhas especiais, laços de fita e outros enfeites que lhe dão personalidade única. Em seus galhos verdes imitando pinheiro, estão miniaturas simbólicas, como pacotinhos de presentes, mini-papais-noéis e instrumentos musicais; um bom velhinho com prancha de surfe e outro com uniforme do nosso time do coração.
Na mesinha de centro, o pequeno e amoroso presépio foi colocado à sombra de um bonsai de oliveira, detalhe que muito me inspira, que não me canso de admirar. Árvore dando proteção ao nascimento de uma criança, ambas milenares, eis o que me ocorre depois de olhar a cena que ilumina famílias mundo afora.
Há um mundo encantado em cada Natal que chega, gosto de me concentrar nos detalhes que representam nossas vidas reais, nos seus significados religiosos e pessoais. Todos me remetem aos outros onze meses do ano em curso, aos tantos anos já vividos, às novas presenças que amenizam ausências sentidas. Tudo é parte de mim.
Adoro preparar a ceia natalina para oferecer às pessoas queridas com as quais compartilharei a mesa. Monto o cardápio com todo o cuidado, preparo tudo com a maior atenção, pensando em cada uma delas, analisando suas preferências e seus paladares diversos, imaginando os sorrisos que receberei ao servir certos pratos clássicos, as novidades e os doces caseiros que nossos ancestrais adoravam. E minha alegria se completará, como geralmente acontece – rezo todas as noites por isso, no momento em que perceber sobre a ausência de aves e outras carnes sequer ter sido notada pelas pessoas. Instante de gratidão interior para uma vegetariana de décadas.
Devo abrir o coração, ainda, para uma revelação importante sobre os enfeites da nossa árvore da vida natalina, aqueles que são, indiscutivelmente, os meus preferidos: os corações com as fotos das pessoas que virão. Entre os detalhes que antecedem a Ceia, este é o principal: cada pessoa querida que chega, encontra sua própria imagem em destaque; em uma viagem, na varanda da sua casa, no seu aniversário. Minha família e eu também estamos em corações que ornamentam a árvore, junto com os amigos que receberemos.
Seguindo a tradição dos meus dias dezembrinos, a árvore de Natal foi montada em lugar de destaque na sala lá de casa. Toda bonita, cheia de detalhes. Em uma mesinha de centro, o presépio, à sombra de um bonsai de oliveira. Nos corações expostos, fotos das pessoas que estarão conosco.
Assim preparo o nosso Natal, como um evento especial de fé e pertencimento.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 09/12/22