Não como nada que tenha rosto

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Lá se vão mais de três décadas desde o dia em que decidi que carnes não mais fariam parte da minha alimentação. Recém tinha lido “Os Sobreviventes dos Andes”, livro que conta a história verdadeira de um acidente aéreo que aconteceu na década de setenta, na Cordilheira dos Andes. Mexeu muito comigo aquele texto sobre ingerir cadáveres para manter-se vivo, como fizeram alguns dos que conseguiram sobreviver à queda daquele avião.

Comecei, então, a me questionar: se eu posso viver bem, me alimentando saudável e saborosamente sem matar animal algum, por que fazê-lo? E depois da leitura de “Fisiologia da Alma”, de Ramatis, decidi parar de comer carne definitivamente.

Mas sei que os livros citados foram apenas duas gotas d’água em um copo que já estava cheio.

Declarações de Charles Darwin, autor da Teoria da Evolução, também me influenciaram. Li, certa vez, sobre o que ele dizia a respeito do assunto: “Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais; os animais, assim como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento”. As palavras do cientista me abalaram.

O mesmo efeito me causou uma afirmação de Albert Einstein, o gênio que criou a Teoria da Relatividade: “Nada beneficiará tanto a saúde humana, aumentando as chances de sobrevivência da vida na Terra, quanto a evolução para uma dieta vegetariana; por seus efeitos físicos, influenciará no temperamento dos homens de tal forma que o destino da Humanidade será bem melhor”.

E muitas outras leituras sobre vegetarianos juramentados – Pitágoras, Leonardo da Vinci, Mahatma Gandhi, Leon Tolstoy, Paul McCartney, Thomas Edison, São Francisco de Assis – me ajudaram a seguir a trilha da não-violência na alimentação.

Durante estes anos todos sem ingerir carnes, sei que algumas pessoas, ao saberem da minha alimentação, ainda ficam constrangidas ao me convidarem para festas, especialmente quando o tradicional churrasco será servido; preocupam-se com o que servir a uma pessoa vegetariana. Esclareço, desde já, que ninguém precisa se preocupar ao me convidar, pois sempre encontro um saboroso pãozinho com alho, uma suculenta salada de alface e tomates, um bom pedaço de aipim, um doce.

Verdade seja dita, nestes anos todos, o mais difícil sempre foi explicar, em poucas palavras, os motivos que me levaram a abolir carnes das refeições. Mas encontrei uma resposta rápida e simples que tem sido muito útil.

Agora, quando me perguntam por que sou vegetariana, respondo simplesmente: “Não como nada que tenha rosto”.

Cristina André

cristina.andre.gazeta@gmail.com

Publicado em 16/7/21.

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