Quem cursa Comunicação Social sabe: muitas das suas colegas estão sempre prontas para fazer o seu mapa astral. Elas dominam numerologia, sinastria, horóscopo e demais mistérios da personalidade humana. Signos do zodíaco, a posição da lua na hora do nascimento, o ascedente… E levam tudo isso muito a sério. Portanto, lá vai um conselho de quem já conviveu nesse ambiente: jamais ouse discordar das suas teorias e descobertas…
Mas tem algo mais científico do que empírico nesse ambiente que é a ancestralidade. Ou seja: um histórico dos nossos antepassados. E a grande ferramenta para chama-se ‘árvore genealógica’. Por que árvore? Por causa das ramificações. Para montá-la é preciso primeiramente descobrir de onde vieram os ancestrais da família, o que pode ser feito através da origem dos sobrenomes do pai e da mãe de um indivíduo. Alé, é claro, de datas e locais de nascimento, casamento e morte.
Normalmente coloca-se no topo da árvore o nome do ancestral mais antigo de que se conseguiu dados e, a partir das ramificações, se estabelecem as conexões entre seus descendentes até chegar ao membro mais novo da família ou então na pessoa a que se tem interesse. Uma árvore genealógica também pode representar o sentido inverso, ou seja, partindo de um antepassado comum – sendo a raiz da árvore – até todos seus descendentes colocados nas suas inúmeras ramificações, que é chamada ‘árvore de geração’.
Se você está pensando que fazer uma árvore genealógica é fácil, repense. Ou então acha que isso é frescura ou perda de tempo? A conexão com o nosso passado existe independente da nossa vontade. Nós somos o resultado de milhares de anos de acontecimentos. Somos o resultado de milhares de pessoas que estão em nossas células, incorporadas. Por isso, saiba que quem valoriza muito uma árvore genealógica é a… medicina. Isso mesmo. Com qual objetivo? Monitorar doenças de cunho genético, tais como anomalias, gota e diabetes, principalmente no caso especifico da representação dos descendentes diretos de uma mesma família. É importante separar a pesquisa de cada pessoa, por exemplo, do pai, da mãe, do avô paterno, do avô materno, da avó paterna, da avó materna, dos tios, das tias, primos, primas e assim sucessivamente. Mas atenção: é importante saber distinguir o que é fato e o que é fofoca familiar, pois existem pessoas que transmitem informações deturpadas, dificultando assim o real conhecimento sobre os parentes.
Mas de novo: se você, caro leitor, pensa que é fácil construir uma árvore genealógica, é melhor acompanhar o seguinte raciocínio: temos dois pais, quatro avós, oito bisavós, 16 trisavós, 32 tetravós e 64 pentavós. Depois vem 128 hexavós, 256 heptavós, 512 octavós, 1.024 eneavós e 2.048 decavós. Num total de 11 gerações, 4.094 ancestrais em, aproximadamente, 300 anos antes de nascermos. Pense comigo: de onde vieram? Quantas lutas enfrentaram? Passaram fome? Quantas guerras viveram? O quão jovens morreram? Por outro lado, quanta energia e quantos estímulos nos transmitiram para que hoje pudéssemos estar aqui? Então, caso você conheça seus antepassados até a segunda, terceira, quarta… quinta geração, é possível que você tenha bastante facilidade de se reconhecer nessa trajetória. Caso não saiba, não conheça, não importa. Saiba que nossos antepassados, ainda hoje influenciam nossas escolhas, criam e apagam nossos medos, sonhos, impulsos, crenças e inspirações.
Por que escrevi sobre isso? Porque via de regra quando as coisas dão erradas, viramos vítimas e colocamos a culpa no nosso passado. E eles, cada um ao seu modo, tiveram papel fundamental sobre a nossa “árvore”. Uns plantaram, outros plantaram e regaram, outros passaram a moto-serra…
Daniel Andriotti
Publicado em 17/6/22