Nas primeiras horas da manhã de sexta-feira, 9 de agosto, a menina Kerollyn Souza Ferreira, nove anos de idade (foto), foi encontrada morta dentro de um contêiner de lixo, ao lado da EMEI Noeli Varela, no Bairro Santa Rita/Cohab, em Guaíba.
Foi apurado até o momento que a menina sofria múltiplas agressões, que era negligenciada, pedia comida na vizinhança e pegava alimentos daquele mesmo contêiner onde foi encontrada morta; que andava mal agasalhada, estava com piolhos, era medicada de forma inadequada pela mãe, que dizia que a menina surtava.
Testemunhas disseram que Kerollyn sofria com agressões físicas, já tendo sido levada para o Hospital Regional de Guaíba por uma lesão na cabeça, supostamente causada por um tombo de bicicleta, que depois a investigação policial verificou ter sido causada pela mãe com uma escumadeira.
A vítima apresentava lesões de unhadas no rosto, que haviam sido produzidas pela mãe. A menina já tinha sido internada por suposta tentativa de suicídio, mas a mãe evadiu com a criança do hospital antes de ser disponibilizada vaga em ala psiquiátrica.
Até o fechamento desta edição, a causa da morte ainda não estava esclarecida: o auto de necropsia não tinha sido divulgado. No entanto, informalmente, a Gazeta apurou que o corpo da vítima não apresenta lesões que pudessem ter causado a morte da criança. A Perícia busca apurar a existência de medicamentos em quantidades que poderiam ter causado o óbito da vítima.
A Delegacia de Polícia de Guaíba não estava autorizada a se manifestar sobre o caso quando procurada pela Gazeta Centro-Sul na quarta-feira, 14 de agosto.
A Polícia Civil tenta reproduzir os últimos passos de Kerollyn, com câmeras de monitoramento e prova testemunhal, para saber se, antes de ser encontrada no contêiner, ela passou em casa. A Gazeta apurou que a última imagem da menina foi às 19h45min, quando ela passou em direção a sua casa, com uma vela acesa, pois teria dito aos vizinhos que precisava procurar uma coisa, que poderia ser esmaltes de sua mãe.
A mulher investigada, que foi presa temporariamente, disse que por volta das 21h30 Karollyn estava em casa, tomou medicação e que ambas foram dormir. Ela contou acordou por volta das 7h, viu que a filha não estava em casa, tomou mais medicamentos e voltou a dormir.
A agressora foi acordada por policiais militares, e, depois de dizer que não sabia onde estava a filha, foi informada sobre o corpo na lixeira. A vítima foi encontrada descalça, apenas de meia, mas suas botas estavam no contêiner, junto ao seu corpo.
A Polícia Civil está investigando o caso para apurar o motivo da morte e sua eventual autoria. Paralelamente a isso, vários profissionais da rede de proteção estão sendo ouvidos, relatórios e prontuários de atendimento estão sendo requisitados, e eventuais falhas dos profissionais que atuam na rede de proteção estão sendo apuradas.
Segue o Caso Gabriel, estudante de Guaíba que
apareceu morto após abordagem da Brigada Militar
Três PMs denunciados de matar o jovem há dois anos são interrogados em audiência de instrução
Os três PMs denunciados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) por matar o jovem Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, em agosto de 2022, em São Gabriel, foram interrogados na terça-feira, dia 13 de agosto, no Foro da Comarca do Município. O ato encerrou a primeira fase do processo que, agora, aguarda por decisão se os réus serão julgados pelo Tribunal do Júri.
A promotora de Justiça Lisiane Villagrande Veríssimo da Fonseca acompanhou todos os interrogatórios. Ela disse que, no momento, se espera pela deliberação sobre requerimento da defesa dos acusados, e, após, se aguarda o oferecimento de memoriais pelas partes envolvidas. Com isso, o MPRS espera pela pronúncia dos três policiais para serem julgados por jurados pela prática de homicídio triplamente qualificado, conforme a denúncia.
“Os réus negaram a autoria, no entanto, o MPRS afirma manter a convicção acusatória. Para nós, não houve qualquer surpresa relacionada às teses defensivas, e as provas produzidas desmentem as versões dos acusados, sendo claras no sentido da responsabilidade deles pelo homicídio de Gabriel. As afirmações defensivas, que indicam um complô para a incriminação dos policiais, são dignas de um roteiro de cinema, nem de longe correspondem à verdade dos fatos”, afirmou a Promotora Lisiane.
Na Justiça Militar, em julho do ano passado, um dos policiais foi condenado a um ano de prisão por falsidade ideológica e os outros dois PMs foram absolvidos. Em relação à ocultação de cadáver, os três receberam absolvição.
O Crime
Gabriel, que morava em Guaíba e estudava no Colégio Estadual Cônego Scherer, desapareceu no dia 12 de agosto de 2022 após uma abordagem da Brigada Militar na cidade de São Gabriel, onde foi visitar parentes. Após isso, o jovem foi colocado no porta-malas de uma viatura e o corpo dele foi localizado uma semana depois submerso em uma barragem na Região, próximo ao local onde os denunciados afirmaram terem deixado o jovem após a abordagem. Logo depois, os PMs foram presos e a perícia apontou que Gabriel morreu após uma hemorragia interna provocada por uma agressão na região do pescoço, além de não haver indícios de afogamento.
Fonte: Ministério Público do RS
Foto: Divulgação
Publicado em 16/8/24