Desta vez, não foi como as enchentes que acontecem todos os anos, com menos ou mais gravidade, foi uma catástrofe climática histórica, que atingiu o Rio Grande do Sul em maio; caiu muita água, muita. Isso por si só já explica a gravidade das perdas. Mesmo quem não teve a casa ou a empresa alagada está sofrendo as consequências da grande cheia, pois a sociedade funciona como uma máquina com muitas engrenagens.
Acontece que, neste contexto de tragédia, as ações dos líderes são relevantes, durante os acontecimentos e depois. Neste sentido, passado o rigor das inundações, a Gazeta Centro-Sul ouviu o prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata, a respeito da sua atuação neste episódio dramático. Ver entrevista nesta edição.
Entre outras questões, buscamos saber o posicionamento do prefeito sobre os fatos polêmicos que repercutem na comunidade de maneira mais cortante: as inundações no Loteamento do Engenho e no Bairro Santa Rita.
Maranata enfatizou que fez o possível para ajudar a população e criticou a oposição, que, segundo ele, está tentando se aproveitar da tragédia. Cabe ao leitor acompanhar a entrevista, com atenção, e tirar as suas conclusões.
Quanto maior é a exposição maior é o risco. Já registrei aqui na Coluna meu entendimento de que o Prefeito Maranata se expõe em excesso nas redes sociais. O caso da gravação informando que não havia risco de inundação no Bairro Santa Rita, acontecendo o contrário poucas horas depois, é exemplo clássico de que o excesso de exposição é perigoso.
Ninguém alertou sobre a possibilidade da inundação traiçoeira que atingiu o Bairro Santa Rita, mas também não houve qualquer afirmação contrária a não ser a do prefeito. Não acredito que esse episódio pechoso possa anular o trabalho positivo realizado, mas que atrapalha, atrapalha.
Aeroporto da Ilusão
Recebi notícia sobre a possibilidade de se utilizar o “anunciado” aeroporto de Guaíba, da Aeromot, como alternativa ao Salgado Filho. Não bate.
Se o objetivo desta ideia mágica é buscar uma área alternativa para o Aeroporto Salgado Filho, tendo em vista a possibilidade de novas inundações, não faz sentido considerar outra área baixa e alagável como plano alternativo.
Segundo tese que justifica o alagamento do Bairro Santa Rita, a passagem da água que transbordou do Rio Jacuí se deu pela área onde anunciaram a construção do tal aeroporto. Mesmo que movam uma montanha grande para aterrar o local, é preciso considerar o entorno.
Não gosto de segurar o estandarte do pessimismo, prefiro ser otimista, torço pela prosperidade, mas desde a badalada fábrica fantasma de caminhões abandonei o bloco dos iludidos.
Duas Cidades em Uma
Muitos moradores de Eldorado do Sul seguem morando e/ou fazendo compras em Guaíba. Com a insegurança que colou no inconsciente coletivo dos eldoradenses, devido às cheias recorrentes, grande parte da população não se sente segura em voltar. Conheço várias pessoas do município vizinho que estão buscando moradias definitivas e locais para instalarem seus negócios em Guaíba.
Basta transitar pela cidade e frequentar o comércio para perceber que há duas cidades em uma aqui na Aldeia.
O Exemplo Positivo
Em meio a tantas situações negativas com as cheias de maio, um destaque positivo foi a atuação do Centro de Comando e Controle da Crise, instalado em Guaíba, integrando diversas instituições. Conforme já registrei na Coluna, os promotores do MP local consideram o modelo de Guaíba como um case nacional para o enfrentamento de crises. A coordenação técnica e operacional do Centro ficou a cargo dos coronéis da reserva Solon Beresford e Marcelo Verlindo.
Leandro André
Publicado em 5/7/24