A história sobre a implantação da grande fábrica de celulose em Guaíba cabe num roteiro de drama e aventura; dá um filme. Registro em detalhes como as coisas aconteceram até a inauguração da indústria na Aldeia, em 1972, com seus desdobramentos dramáticos, no livro Guaíba Outra Margem, capítulo “A Grande Transformação”.
Resumindo. O médico Solon Tavares (ex-prefeito de Guaíba) era piloto de avião e sócio da Escola de Aviação Estrela. Ele importava aviões Cessna dos Estados Unidos por encomenda. Em fevereiro de 1965, Solon retornava dos EUA trazendo um avião quando fez uma parada técnica na Venezuela. No hotel onde se hospedou, conheceu um grupo de executivos que viajava ao Brasil à procura de um local para implantar uma fábrica de celulose da norueguesa Borregaard SA.
O encontro casual de Solon Tavares com os noruegueses resultou na implantação da fábrica em Guaíba, transformando completamente a vida na cidadezinha praiana. Muitos conflitos aconteceram, conforme relato no livro.
A empresa mudou de acionistas e de nome algumas vezes (Borregaard, Riocell, Klabin, Aracruz, Fibria…); atualmente, pertence ao grupo chileno CMPC.
Uma indústria de celulose no meio da cidade requer sistema de controle de emissões no ambiente com tecnologia de ponta; mesmo assim, os impactos são percebidos e muitas vezes incomodam, principalmente na vizinhança.
Em março de 2022, a fábrica irá completar 50 anos na Aldeia. No dia 6 de agosto, a CMPC anunciou a execução de um projeto de modernização importante, ampliando a produção e o controle de emissões, conforme estamos divulgando. O investimento anunciado, de R$ 2,75 bilhões, deverá gerar muitos empregos e renda em Guaíba e Região. A Companhia ratifica seu compromisso de apoiar as empresas locais e dar preferência para mão de obra da Região. Animou a comunidade.
Nesta edição, a Gazeta traz os canais de como se candidatar às vagas de emprego para participar deste megaprojeto.
Há 50 anos, a grande fábrica faz parte da vida da Cidade e a população já concedeu a “licença social”, expressão criada pelo ex-diretor Walter Lídio Nunes.
Vamos acompanhar a execução deste projeto macanudo da CMPC nos próximos dois anos e seguir nesta caminhada, que iniciou com um encontro casual e se transformou em casamento, com todas as oscilações características de uma união estável.
Roda-roda Jabuti
Matéria publicada na Gazeta da semana passada teve importante repercussão. O processo de implantação de um parque ecológico no Morro José Lutzenberger, Centro de Guaíba, se arrasta há cerca de uma década na Prefeitura e a resposta do Município sobre o andamento do processo não convenceu.
Foram destinados mais de R$ 6 milhões para começar a implantação do parque, recurso proveniente de medidas compensatórias da ampliação da fábrica da CPMC. De acordo com a legislação, o dinheiro somente pode ser usado em projetos executados em unidades de conservação (UCs).
A Prefeitura informou que, em dezembro de 2020, a Unidade de Conservação Parque Natural Municipal José Lutzenberger deu andamento ao cadastro da UC no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), ainda em conclusão. E segue elaborando os termos de referência para tocar o Plano de Investimentos aprovado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA).
A Prefeitura informou que pretende abrir edital para convocação da sociedade civil, ainda neste ano, a fim de compor o Conselho Gestor. E aguarda parecer jurídico da Procuradoria Geral do Município e outras consultas sobre questões técnico-jurídicas levantadas recentemente.
Essa semana, questionei a SEMA sobre o processo e aguardo retorno. Resumo da bufa: segue o roda-roda jabuti.
Hortas Comunitárias
Projeto anunciado no início do ano passado não saiu do papel. Ver matéria na contracapa desta edição.
Em diversos municípios do País, as prefeituras desenvolvem plantios, por meio de parcerias, voltados a fornecer alimentos saudáveis para a população de baixa renda. Abrimos a campanha para que aconteça na Aldeia.
Pode consagrar o Prefeito
Eu registrei aqui na Coluna que o melhor prefeito que Guaíba já teve foi o Maneca Stringhini e justifiquei. Hoje, trago algumas ações que podem consagrar o Maranata como prefeito e até ameaçar o posto do Maneca.
Se o Marcelo Maranata conseguir resolver (não tapear) o problema da buraqueira nas ruas de Guaíba; mobilizar a fiscalização para que as calçadas deixem de ser armadilhas; cobrar da Corsan a execução decente de obras, e da CEEE (Equatorial), o fim da esculhambação na fiação dos postes; implantar o Parque Ecológico no Morro; iluminar a Aldeia de verdade, sem gambiarra; atrair empresas que gerem empregos e renda; despoluir o Arroio Passo Fundo e instituir um programa de Educação Ambiental na Rede de Ensino, se consagra. Parece muita coisa, mas não é, pelo contrário. Dinheiro, tem.
Leandro André
leandro.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 13/8/21.