Filas para pensar…

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Houve um tempo em que aguardávamos ansiosamente pela Expointer, tal qual uma criança espera pelo Natal. Hoje, esse encanto talvez não tenha a mesma proporção. Primeiro porque as crianças cresceram. Segundo, porque a feira também tornou-se assustadoramente grande – e talvez isso tenha contribuído para que alguns dos seus principais problemas aumentassem na mesma proporção. Virou a maior do setor na América Latina.  E esse ano, mesmo sendo a ‘feira pós-enchente’, o sucesso de público esteve garantido num ano em que ela quase não aconteceu: isso porque a maioria dos expositores tradicionais tiveram seus negócios afetados; e porque o parque Assis Brasil, em Esteio, onde ocorre a feira, foi bastante impactado pela inundação.

Em 47 anos, a feira de Esteio evoluiu bastante em quase tudo. Mas algumas coisas básicas nesse quase meio século nunca mudam e são as que mais incomodam. Por exemplo: o acesso ao parque Assis Brasil. O pior – mas o mais utilizado – meio de transporte para se chegar à feira ainda é o carro. Com ele, haja paciência e resignação. Filas quilométricas, por qualquer rodovia que se escolher. Depois de ‘algumas horas’, talvez muitas, naquele pára-e-arranca irritante, o próximo desafio é chegar até a cancela e ingressar no parque. Esse ano, o veículo e somente ele paga um valor de R$ 46,00. Isso porque as pessoas que estão dentro dele vão desembolsar outro valor: R$ 18,00 ‘per capita’. Isso é caro? É barato? Talvez seja desonesto para a difícil busca de uma vaga de estacionamento no distante pantanal onde ele vai ficar sem nenhum tipo de segurança e ou qualquer orientação para quem estaciona. E é claro que o carro não chega lá sozinho. Portanto, você e ele, juntos, vão desembolsar R$ 64,00. Se for a família, é bem mais de R$ 100,00…

Vencida essa primeira batalha é hora de uma longa caminhada até chegar aos guichês para o pagamento do ingresso. Novas filas. Fila para pensar em qual fila você vai entrar na fila. E por fim, mais uma peregrinação física-aeróbica em marcha atlética para chegar ao núcleo da feira e encontrar aquela verdadeira multidão de pessoas andando de um lado para o outro, no passo de ‘formiguinha’, além de muitos grupos fazendo selfies com animais ao fundo ou tentando escalar grandes implementos agrícolas. E aquele tradicional cheiro que é um combo de xixi de vaca, de cocô de cavalo e de churrasco. E é claro, fila para comer, fila para ir ao banheiro, fila para ir embora. E se, esse ano São Pedro castigou mais da metade do Rio Grande do Sul, ele foi generoso com a Expointer.

É de se compreender, entretanto, que uma feira que dura apenas (e talvez graças a Deus) nove dias não têm como ser algo tranquilo. Se com toda essa dificuldade de acesso a Expointer coloca quase um milhão de pessoas dentro do Parque Assis Brasil em pouco mais de uma semana, imagina se fosse como a Expodireto, de Não-Me-Toque, onde ir de carro é simples e o ingresso e o estacionamento são gratuitos???

 

Daniel Andriotti

Publicado em 30/8/24

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