O Grande Livro de História do Manual do Mundo, este foi um dos presentes de Natal que minha neta de nove anos mais gostou. Diga-se de passagem, sugerido por ela. E é, mesmo, muito interessante, tanto para quem está aprendendo quanto àqueles que, como eu, estão dispostos a resgatar conhecimentos escolares que ficaram adormecidos.
Durante o ano que passou, aprendi e reaprendi muito ao acompanhar a neta em vários momentos de leituras e estudos do quarto ano, que ela faz questão de esclarecer que já concluiu. E o que mais me chamou a atenção foram as novas maneiras de abordar certos temas antigos, fazendo-me crer, pela observação, que o ensino ideal não é o de antes nem o de agora, mas a combinação de ambos, do tradicional com o novo. Assim como tudo na vida.
Lembrei de como reagi, há cerca de quinze anos, quando a União Astronômica Internacional anunciou que Plutão não era mais planeta, que para ser chamado de planeta é necessário que o corpo celeste apresente diversas características. E os astrônomos concluíram que oito dos nove planetas clássicos se encaixavam nas novas exigências terráqueas – Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Terra, Urano e Netuno. Mas Plutão, não.
Senti, naquele momento, que muitas das minhas aulas tinham ido para o espaço. E que os meus estudos infantis talvez estivessem perdendo a validade.
De repente, a recordação de outro momento impactante pelo qual meus conhecimentos escolares passaram por difícil prova. Foi em uma conversa informal sobre os reinos em que se classificavam os seres vivos – animal, vegetal e mineral. Minha filha, na época pré-adolescente, me olhou, arregalada, e perguntou de onde eu tinha tirado aquilo, que estava errado. Explicou que os tais reinos eram cinco: Monera (bactérias), Protista (algas), Fungi (fungos), Plantae (plantas) e Animalia (animais). Perguntei-lhe desde quando, e a resposta foi: desde que entrei para a escola. Lá se foi mais um pouco do meu Curso Primário.
Eis que, dias depois da chegada do novo ano, minha neta me convidou a acompanhá-la na leitura de um trecho de O Grande Livro de História do Manual do Mundo, um dos seus presentes de Natal. O tema escolhido por ela foi curiosidades da história dos Fenícios, e eu elogiei, pois pouco me lembrava sobre esse aprendizado infantil.
A menina que passou para o quinto ano então me contou que eles eram bons contadores de histórias e que, para dominarem a navegação e o comércio, inventavam causos sobre monstros marinhos para assustar possíveis concorrentes. E me explicou diversas outras curiosidades daquele povo antigo, das mercadorias que negociavam.
Eu falei que os Fenícios deveriam ser antigos habitantes do Líbano, mas não tinha certeza, não lembrava direito. Ela me mostrou o que estava desenhado em seu novo livro, o mapa atual do Líbano e partes pintadas em cor de laranja identificando terras fenícias antigas, o que facilitou sobremaneira o entendimento.
Conversamos, então, sobre a origem libanesa da família do seu avô, a ancestralidade fenícia que ela e sua mãe também possuíam. E foi o melhor daquela tarde de importante aprendizado. Tudo porque O Grande Livro de História do Manual do Mundo foi um dos presentes de Natal que minha neta de nove anos ganhou do avô.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 21/1/22