Houve um tempo em que aguardávamos pela Expointer como uma criança espera pelo Natal. Pois então, a feira cresceu, virou a maior do setor na América Latina e a edição que encerrou no último domingo – depois de dois anos acontecendo apenas de forma virtual – bateu todos os recordes. De faturamento, de público… e, é claro, de dificuldades para chegar e acessar o parque.
Como não tenho mais filho pequeno, já há alguns anos eu me permito ir na Expointer apenas por exigência profissional. Dessa vez não foi diferente. E para piorar, talvez eu tenha escolhido o pior meio de transporte para o deslocamento: o carro. Sem considerar os 40 minutos entre Guaíba a Esteio, foram 2h55min para acessar o Parque Assis Brasil. Haja paciência e resignação. Filas quilométricas, tanto pela BR-116 quanto pela ERS-448, a Rodovia do Parque. Depois, um tour pelo pântano em busca de uma quase inexistente vaga para estacionar. Cumprida a tarefa, uma longa caminhada até chegar aos guichês para o pagamento do ingresso do carro e do motorista, que não são muito baratos na relação custo X benefício. Novas filas. E por fim, mais uma peregrinação física-aeróbica em marcha atlética para chegar ao núcleo da feira e encontrar aquela verdadeira multidão de pessoas andando de um lado para o outro, algumas dispersas, outras apressadas, além de muitos grupos fazendo fotos tentando escalar grandes implementos agrícolas. E aquele tradicional cheiro que é um combo de xixi de vaca, de cocô de cavalo e churrasquinho…talvez, de gato. E esse ano, São Pedro ainda foi generoso. Em quase todas as edições, o dilúvio dava o ar da graça durante a feira e transformava o que já era complicado em algo quase inacessível.
É de se compreender que 750 mil visitantes numa feira que dura apenas (e talvez graças a Deus) nove dias não têm como ser algo tranquilo. E que a infraestrutura de acessos e estacionamentos carecem de um investimento bem maior. A explicação de quem organiza é ‘porque o parque Assis Brasil é subutilizado nas demais 53 semanas do ano’. E esse é o ponto que precisa ser revisto, na mais modesta opinião de quem só vai até lá a trabalho…
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O Inter tem alguns ídolos reconhecidos e inesquecíveis: Bodinho, Larry, Manga, Figueroa, Escurinho, Falcão, Fernandão, D’Alessandro… só para citar os mais expoentes. O Grêmio – inexplicavelmente – reverencia apenas um: Renato Portaluppi. Inexplicável porque o melhor jogador do mundo que a minha geração viu jogar, foi formado no Grêmio. Indiscutivelmente o melhor: Ronaldinho Gaúcho. E a torcida e todas as presidências que comandaram o clube nos últimos 30 anos parecem ignorar esse fato.
Vamos lá: o irmão, empresário e ex-jogador do Grêmio, Roberto de Assis Moreira teria traído o clube anunciando o retorno do irmão-craque, sendo que no mesmo dia o apresentou como reforço do Flamengo. “Agora eu sou Mengão”, foi a frase emblemática de Ronaldinho na época e que posteriormente virou meme. Só que Renato também jogou no Flamengo, ama o Rio e as praias cariocas e, certa vez, como técnico do Grêmio, deu uma entrevista dizendo que nunca escondeu o sonho de treinar o Flamengo, o que acabou acontecendo alguns meses depois, mas a relação não foi recíproca…
Tenho amigos que são amigos do Renato e eles garantem que, longe dos microfones e das câmeras, trata-se de uma pessoa sensata, gentil, generosa e disponível para socorrer a quem lhe pede ajuda, desde que isso não seja divulgado pois não lhe agrada o marketing pessoal nesses casos. Ponto para o Renato. Mas sob os holofotes e quando o assunto é futebol ele incorpora aquele personagem que conhecemos bem: arrogante, prepotente, irônico e de uma soberba avassaladora. Parece ser isso que o Grêmio tanto aprecia e necessita.
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Felipão está em mais uma final de Copa Libertadores: bom pra ele e pro Athlético do Paraná. Mas eu tenho memória. Ainda acordo no meio da madrugada com Galvão Bueno gritando “gooool da Alemanha; goooool da Alemanha”…
Daniel Andriotti
Publicado em 09/9/22