Difícil encontrar alguém, hoje, que não dependa dessa nababesca rede mundial de conexões chamada internet. Um monstrengo que permite o compartilhamento instantâneo de dados e informações que se entranhou na nossa vida de tal maneira que é quase impossível fazer alguma coisa sem ela. Desde banalidades, como o número do telefone de uma pizzaria, até coisas impensáveis, como a realização de pesquisas de opinião pública segmentada e de alta complexidade entre públicos de diferentes países.
A mesma tecnologia que trouxe a internet criou as famigeradas redes sociais. Amadas por alguns e odiadas por muitos, tornaram-se tóxicas quando trazem, dentro de si, uma outra praga digital da era moderna: as fake news. Humberto Eco, um dos pais da teoria da comunicação dizia: “as redes sociais deram voz aos idiotas”. A mais popular delas – e nesse momento a pior – é claro que é o Facebook, herdeiro do trono maldito deixado pelo Orkut. Praticamente uma chatice insuportável. Mas… pior para quem, cara-pálida? Sim, muitos dirão que ele serve somente para lembrar o dia do aniversário dos amigos. Pode ser. Ele é também o precursor da barra de rolagem infinita e, sendo uma espécie de Big Brother digital da vida privada, tornou-se terra de ninguém. Verdade. Por isso é que não são apenas os jovens ‘descolados e articulados’ que o estão abandonando e migrando para outras plataformas: a velha guarda’, dos oito aos 80 anos, não aguenta mais o velho ‘Face’ e segue a manada da dispersão digital optando pelo ‘Insta’, pelo YouTube, Twitter, LinkedIn, Skype, SnapChat, TikTok…
Mas se você olhar para mídias sociais com as lentes do empreendedorismo, alto lá: é bom ir parando de rir do velho ‘Face’, surrado e brega, porque ele segue líder disparado em relação a todos os outros. Ele e o WhatsApp, juntos, reúnem 3,4 bilhões de usuários ativos em todo o mundo e são responsáveis pela troca de 60 bilhões de mensagens todos os dias. Só no Brasil, 58% da população ou 127 milhões de pessoas, tem pelo menos um perfil no Facebook. E mais: essas pessoas ficam, na pior das hipóteses e em média, 35 minutos por dia bisbilhotando a vida dos outros. E nas entrelinhas das coisas alheias estão produtos, serviços, marcas, empresas, gente interessante… tudo isso visto por bilhões de pessoas a cada segundo.
Um grande mito que poucos sabem sobre as redes sociais é que lá tudo é de graça. Pode até ser para aquela postagem tipo ‘holofote individual’: o prato de comida sofisticado, a taça de vinho, o carro, o gato, o cachorro, o papagaio. Mas quando vira profissional, a coisa custa caro. E bem caro. Por pior que seja o Facebook, a sua estratégia de visualização não é coisa para se deixar sob a responsabilidade daquele sobrinho nerd que não sai da Internet o dia todo. Isso porque uma campanha publicitária profissional – e nessa onda inclui-se o marketing político – exige gente com bons e sólidos conhecimentos do fabuloso mundo cibernético. O maior exemplo está em épocas de eleição. E você, caro leitor, deve ter percebido que não se trata de postagens feitas por amadores.
É claro que as redes sociais viraram, antes de tudo, um universo que potencializa a polarização e ao mesmo tempo aprisiona pessoas dentro dos seus próprios grupos. Considerando que essas ‘bolhas’ não se rompem tão facilmente, a mesmice fica se repetindo a cada enxurrada de comentários e mensagens desgastantes, mal escritas e sem conteúdo fundamentado sobre… absolutamente tudo. Principalmente – e nos últimos meses – na ‘politização’ de uma pandemia canalizada para a discussão Lula/Bolsonaro. Em última instância, todas as coisas viram Gre-Nal. Fazer o quê? Lei do ônus e bônus. Consome quem quer.
Por falar em Gre-Nal tenho sido muito cobrado que não ando falando (mal) do Grêmio porque ele, o Grêmio, está exigindo que falemos mal dele. Me aguardem…
Daniel Andriotti
daniel.andriotti67@gmail.com
Publicado em 22/10/21