São constantes as manifestações de protesto contra a classe política, apontando falhas de gestão e corrupção. Ações legítimas da sociedade que, na maioria das vezes, são indispensáveis no processo de busca por justiça social. Neste contexto, é importante, também, uma permanente autocrítica, considerando direitos e deveres individuais, pois tudo está interligado.
Nas eleições, a população tem a oportunidade de escolher seus representantes políticos para períodos de quatro anos, de acordo com a legislação brasileira. Esse processo de escolha deve ser tratado como um dos direitos mais significativos, tendo em vista o que representa na vida de cada cidadão e para a coletividade. Ao desperdiçar esta oportunidade, de certa forma o eleitor abdica do direito à crítica e à cobrança, restando o xingamento estéril.
É verdade que existem muitos políticos que depois de eleitos não cumprem o que prometeram durante a campanha eleitoral, assim como é fato que a corrupção está espalhada em diversos setores do País. Mas também é verdade que não se pode generalizar e usar a indignação para fortalecer a descrença na possibilidade de mudança, pois, quando isso acontece, abre-se espaço para o fortalecimento da corrupção e da proliferação de políticos desonestos, justamente os que se aproveitam do âmbito passional da desilusão. Sendo assim, é dever de todos os cidadãos honestos e responsáveis separar os bons políticos dos maus, promovendo os bons e isolando os maus por meio das urnas; não há outro caminho a percorrer para alcançar harmonia social.
Ainda no raciocínio dos direitos e deveres individuais, é preciso ressaltar que estes conceitos devem estar presentes em todos os momentos da vida. Não adianta reclamar do lixo nas ruas e dos bueiros entupidos se não temos o cuidado de descartar o lixo corretamente. Não adianta reclamar das multas de trânsito se não há preocupação em seguir as regras. Não adianta criticar os políticos se o direito de escolha é menosprezado ou se a crítica se resume ao apontamento de culpados.
Viver em comunidade pode ser muito bom ou muito ruim, depende da compreensão de cada um sobre o real significado de direitos e deveres, considerando que todas as ações estão interligadas.
Publicado em 08/7/22