Na terça-feira, 8 de junho, após seis meses de investigação, a Polícia Civil do RS, em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), deflagrou a Operação Laverna (referência à deusa dos trapaceiros na mitologia romana), com foco no crime de lavagem e ocultação de bens, direitos e valores provenientes de infração penal.
A investigação teve início em janeiro deste ano, com a prisão em flagrante de um indivíduo que estava sendo monitorado pela Polícia pelo crime de estelionato. A prisão ocorreu em ação conjunta com a PRF quando o suspeito transportava uma carga de produtos químicos pela qual não havia efetuado o pagamento. Diante do flagrante e das informações obtidas na investigação, foi constatado que se tratava de mais um golpe entre outros já aplicados em Guaíba.
Segundo a Polícia, no decorrer das diligências, ficou claro que o crime de estelionato envolvia um grupo organizado que agia em duas fases. A primeira, consistia na procura do líder da organização criminosa por um CNPJ com boa reputação no mercado. Utilizando nome falso e CNPJ de terceiros mediante procuração, o investigado e seus comparsas passavam a concretizar o golpe. A segunda fase do esquema, popularmente conhecido como “Golpe da Arara”, consistia em realizar compras de outras empresas com entrega antecipada ao pagamento ou de forma parcelada, com o pagamento somente da entrada, sendo que as demais parcelas ficavam em débito com os fornecedores.
Atuação em Diversos Segmentos
Conforme relato da Polícia Civil, os fornecedores vitimados estão localizados em pelo menos quatro Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, o que ressalta a abrangência da quadrilha. Os criminosos atacavam fornecedores de produtos de diversos segmentos, como construção, eletroeletrônicos e mercado calçadista, entre outros. Agiam com o mesmo modus operandi, sendo que a única mudança era a pessoa que negociava com as vítimas, demonstrando vasta rede de apoio ao esquema criminoso.
Credores relataram que, ao procurarem pelos representantes da empresa de fachada, localizada na Avenida Nestor de Moura Jardim, em Guaíba, por meio dos canais que usualmente mantinham contato, não obtiveram mais retorno a partir do mês de dezembro de 2020. Naquele mês, os golpistas colocaram um cartaz na porta anunciando férias coletivas e todo o prédio foi deixado vazio. De acordo com a Polícia, já são pelo menos 20 vítimas, com vinte empresas lesadas.
Vendiam por preços baixos produtos que não pagavam
A investigação apurou que os produtos oriundos dos golpes eram comercializados abaixo do valor de mercado em diversas praças. Com isso, os criminosos recebiam pelas mercadorias obtidas sem pagar.
Em consulta à fonte aberta do site da Central Nacional de Protestos, verificou-se que o CNPJ da principal empresa utilizada pela organização criminosa conta com mais de 420 protestos somente em Guaíba, totalizando um montante aproximado de R$ 2,7 milhões em dívidas. A incompatibilidade do capital movimentado pelos investigados com o patrimônio registrado em seus nomes gerou suspeita de lavagem de ocultação de valores e bens.
A Polícia informou, ainda, que durante os seis meses de investigação diversas pessoas físicas e jurídicas ligadas de diferentes maneiras aos suspeitos passaram a ser analisadas, resultando em 35 alvos investigados, relacionados tanto ao crime antecedente quanto ao crime de lavagem e ocultação de bens, direitos e valores provenientes do estelionato, caracterizando uma verdadeira organização criminosa.
Números da Operação Laverna
Setenta policiais civis e rodoviários federais, distribuídos em 13 equipes para o cumprimento de 74 ordens judiciais, sendo elas: 35 afastamentos de sigilo bancário, fiscal e financeiro; 10 bloqueios de contas bancárias; dois sequestros de bens imóveis; indisponibilidade de 14 veículos; e 13 mandados de busca e apreensão.
O cumprimento das ordens judiciais ocorreu em sete cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre, incluindo Guaíba, Porto Alegre, Xangri-lá, Tramandaí, Cachoeirinha, Canoas e Esteio. Indisponibilidade de bens móveis e imóveis totalizaram o montante aproximado de R$ 7 milhões.
Nomes não foram divulgados pela Polícia, devido à Lei de Abuso de Autoridade em vigor.
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Mulher pede ajuda e furta dinheiro de idoso
Um furto inusitado serve de alerta para a população. Na terça-feira, 8, um senhor de 83 anos de idade foi vítima de uma ladra dentro de sua própria casa. Ele mora sozinho e tem dificuldade de locomoção.
De acordo com relatos passados à Gazeta Centro-Sul por um vizinho, o idoso estava em casa, na Rua Padre Cacique, na Vila Nova, em Guaíba, quando chegou uma senhora pedindo para ir ao banheiro. Ela teria dito que estava suja e precisava se limpar. Disse, também, que estava com fome. O dono da casa se comoveu com a história e foi preparar um café enquanto a mulher estava no banheiro. Neste curto espaço de tempo, ela saiu do banheiro e roubou o dinheiro que estava na carteira do idoso sobre um móvel em seu quarto. A ladra levou o valor que a vítima tinha recebido como primeira parcela do 13º salário naquele dia. Quando ele terminou de fazer o café e foi servi-la, a mulher já tinha desaparecido. É possível que a ladra tivesse informações a respeito do dinheiro que o aposentado havia sacado.
Fica o alerta para que as pessoas não permitam o acesso de estranhos em suas casas, por mais que a aparência não gere suspeita.
O idoso descreveu a mulher como sendo clara, robusta, com a barriga grande, de baixa estatura e cabelos até os ombros.
O vizinho que relatou o caso à Gazeta disse que o idoso não havia registrado Boletim de Ocorrência na DP até o fechamento desta edição.
Operação Desgarrados
A Delegacia de Polícia de Guaíba prendeu na segunda-feira, 7 de junho, dois indivíduos em cumprimento a mandados de prisão expedidos pelas varas criminais de Guaíba.
Um dos homens foi preso em razão de ter sido condenado por tráfico de drogas e receptação. O outro, porque descumpriu as condições da prisão domiciliar.
A delegada Karoline Calegari informou que a Operação Desgarrados é uma ação permanente da DP Guaíba e visa a recaptura de foragidos e o cumprimento de mandados de prisão. Os presos foram encaminhados ao sistema carcerário.
Foto: Divulgação/PC
Publicado em 11/6/21