Dos tantos verbos que promovem nossas ações cotidianas, conjugados cada um a seu tempo e modo, decidir é o que se apresenta com um significado todo especial. No presente, é aquele que nos acompanha sem tréguas, fazendo-nos perguntas sobre “isso ou aquilo”, “por aqui ou por ali”, “visito ou ligo”, “vou a pé ou de carro”, “compro ou não compro”, “convido ou não convido”, todas essenciais a nossa existência. Contudo, pela frequência com que se apresentam, por vezes sequer pensamos na importância de cada resposta, de como refletem o estágio da nossa maturidade, o grau de segurança que temos em relação às verdades que habitam nosso cérebro, o discernimento e a compreensão dos acontecimentos.
Já no amanhecer de cada dia, temos que deliberar sobre o que vestir, se o café será puro ou com leite, se comeremos apenas uma fatia de mamão ou pão com manteiga. Precisamos decidir sobre o que haverá de almoço para a família, qual o melhor horário para consultar o dentista, o que falta colocar na lista das compras. E o que diremos ao filho que nos mostrou boletim com notas vermelhas, à amiga sobre a promessa não cumprida do chá da tarde.
Relógios desfazendo-se do tempo, temos que pensar no que fazer sobre nova proposta de trabalho, se seremos mais felizes lá do que aqui; precisamos decidir se voltamos ou não a estudar, em quando faremos a viagem sonhada, se cortaremos os cabelos e deixaremos de fumar. Em frente à vitrina, momento de optar entre compras novas ou dar o primeiro passo da prometida contenção de despesas.
Decidir, mesmo que pareça verbo simples por sua ação costumeira, é para lá de complicado. Porque sabemos muito bem que a cada sentença que dermos as nossas vidas haverá sempre uma resposta inevitável, de apelido consequência, que nos afetará de vez; e essa certeza nos deixa receosos, atormentados por dúvidas entre este ou aquele caminho, esta ou aquela maneira de ser. Em certos momentos delicados, até rezamos pedindo coragem e clareza para aceitarmos ou não mudar de casa ou de país, de profissão ou de estado civil.
É, decidir não é fácil. Mais do que isso, conjugar este verbo produz consequências com as quais precisaremos conviver, gostando delas ou não. Atitudes cotidianas que apontam na direção daquilo que viveremos em um futuro que se aproxima.
Nestes dias de discursos políticos e promessas, de críticas ácidas e tiradas inteligentes, de proibições e verdades particulares, toda atenção é pouca aos candidatos que se apresentam para comandar o País e o Estado. Sobretudo, àqueles que farão as leis a que seremos subjugados.
Lá vêm as eleições a galope, com suas consequências na garupa. E na parceria formada por neurônios e coração, conjugaremos grandiosa ação no presente, primeiro rascunho do nosso futuro. Esperando que os votos tragam as melhores consequências para todos.
Decidir é o verbo da hora.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 30/9/22