De que amor falamos?

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Deus é amor. Matou por amor; como é possível? Se você parar para pensar a respeito para refletir sobre esta contradição, estará praticando filosofia. Você é também um tipo de amor: filos+sofia, amor-amizade+sabedoria.

Li uma frase ressaltando: melhor do que manifestar amor, o ideal seria ser amor. Como não consigo, parei para investigar. Dessa reflexão me surgiram algumas questões. Parece que a palavra amor como usamos em português não abarca tudo que pode significar. No dicionário descubro que no grego existem nove palavras para amor. Ágape, amor divino; Eros, amor romântico; Phillia, amor lealdade, visar o bem do outro; Philos, amor amizade; Storge, amor pela família; Filautia, amor-próprio; Xenia, amor hospitaleiro, generosidade; Pragma, amor pelo companheirismo; Ludus, amor pelo lúdico; Mania, amor obsessivo.

Associado à falta de abrangência da palavra amor como usamos em português tem a pressa e superficialidade com que nos comunicamos atualmente, que dificulta um entendimento mais profundo. Lembrei de uma frase atribuída a Alejandro Jodorowsky, bem ilustrativa: Entre o que eu penso, o que quero dizer, o que digo e o que você ouve, o que você quer ouvir e o que você acha que entendeu, há um abismo. E temos que trafegar nesta avenida tumultuada das comunicações, tentando achar o rumo certo, nosso entendimento de amor.

Também fui investigar na metafisica, lembrando dos atributos de Deus: Onipresença, onipotência e onisciência.  Lembra a condição de fonte única. O Um absoluto. Sem polaridade, sem disputa. Ai os diversos níveis de densidade das palavras amor em grego me fizeram mais sentido. Desde o egoísmo, filautia, que pode matar por amor, um amor apego, um amor cego, até o amor divino, o ágape, que por ser divino, se reintegra ao Um, a Deus. Me surge a perspectiva do amor como direção. Do mais denso ao mais abstrato e abrangente, até a condição de poder Ser amor.

A direção é um dia agirmos como uma família humana única. Enquanto houver identificação apenas com minha família, meu país, minha religião… teremos muitos conflitos como tarefa pedagógica evolutiva, até conseguirmos Ser amor. Tarefa para milênios como humanidade, talvez possível no presente para indivíduos dedicados.

Façamos nosso possível, na direção da unidade, do amor ágape. E aceitando com amor-philos nossas imperfeições no percurso. Uma boa semana!

Joaquim Mello

joaquim.mello@terra.com.br

Publicado em 17/11/23

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