Crise climática: A supremacia da negação!

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Numa noite de insônia, liguei a tv e fiquei assistindo às notícias pelo mundo. Predominava a barbárie humana na “guerra” na Ucrânia – a supremacia da estupidez!

Procurando sair desse espectro dos “jogos de poder”, fui prospectar, no site da Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU, um estudo sobre a frequência da mortalidade e das perdas econômicas provocadas por desastres naturais vinculados a fenômenos extremos, como secas e inundações, entre 1970 e 2019. Segundo o documento, desastres climáticos quintuplicaram nos últimos 50 anos e provocaram danos importantes, matando mais de dois milhões de pessoas. Mais outra barbárie!

Nessa conjuntura, trago de volta o debate sobre crise climática apimentada pela supremacia do negacionismo. Sei!… Vira e mexe volto ao tema do aquecimento global. A questão é que vivemos um grave momento de emergência climática, onde colocamos em risco o desenvolvimento socioeconômico, bem como a própria existência humana.

No “torrão verde amarelo”, emergiu uma força destrutiva, ancorada no negacionismo, que corrói o capital socioambiental. A porteira foi arrombada! Nessa onda, a boiada vai passando e aprofundando suas entranhas. Lembro Saramago e sua obra “Ensaio sobre a cegueira”.

Sim!… Eu sei! A supremacia do lucro sobre a vida é muito antiga. Vejamos as tragédias de Mariana, Brumadinho, Petrópolis, as calamidades na Bahia e tantas outras, onde vidas foram ceifadas prematuramente. As causas são estruturais, crônicas e de soluções complexas.

O que fazer para atacar essa problemática? Planejar o uso do solo! Realocar as populações de áreas de risco! Resumindo, gestão pública voltada ao bem estar social.

O que fazem? Limpam a “sujeira”, impermeabilizam com mais asfalto e o “povo feliz”, como canta Zé Ramalho.

É urgente fazer gestão territorial com diagnósticos e prognósticos, estruturando políticas públicas. Falando nisso, cadê o Plano Diretor de Guaíba?!… A cidade está crescendo com um planejamento de quase duas décadas atrás. Anotem aí! Estamos extinguindo áreas úmidas, responsáveis pela retenção de águas pluviais. Pensem nisso!

Como pode ainda existem “indivíduos” negando ou minimizando a realidade? Por que menosprezam os danos da destruição da camada de ozônio? E a poluição dos oceanos – pulmão do mundo? E a extinção das florestas tropicais, responsáveis pela biodiversidade, pelo armazenamento de carbono, por refletir o calor, por atenuar as temperaturas e pela retenção e redistribuição da água?

Concordando que as florestas funcionam como “amortecedor do clima”, o desmatamento da Floresta Amazônica é a mega catástrofe anunciada. Não é difícil fazer essa previsão, é só “abrir os olhos e sair da cegueira”.

O jornalista André Trigueiro, num evento da ARI sobre crise climática, disse que GAIA, nossa casa, vive uma nova época: a era do ANTROPOCENO – do ecocídio. Concordo!

Parece ser que a relação de causa e efeito, que permite estabelecer os fatos, ficou perdida no rastro da destruição do processo educacional. É preciso educar para a cidadania.

“A história da humanidade torna-se cada vez mais uma corrida entre a educação e a catástrofe.” (Herbert George Wells)

 

Túlio Carvalho

tulioaac@gmail.com

Publicado em 1/4/22

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