O momento está propício para quem deseja comprar um imóvel, mas o mesmo não acontece para quem deseja construir. A razão disso é que os produtos da construção civil registram, em maio, a maior inflação acumulada em 12 meses dos últimos 28 anos. O aumento de 38,66% no período foi apontado pela Fundação Getúlio Vargas, em um levantamento elaborado a partir do Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) de maio.
Segundo o especialista em mercado imobiliário, Rafael Scodelario, o crescimento neste período é preocupante. Segundo ele, a inflação de material, equipamentos e serviços dentro do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-10) subiu para 30,86% em 12 meses até maio, o que também um recorde.
Por que aumentou?
Segundo Rafael, a inflação de itens da construção, hoje, está sendo pressionada pelo crescimento dos preços de commodities minerais e metálicas usadas para matérias-primas de produtos no setor. Soma-se a isso o dólar alto, o aumento de demanda por projetos residenciais, com elevação de procura de material, a alta em preços de fretes, e as dificuldades em importação de itens usados no setor para atender o mercado.
Se por um lado os materiais de construção aumentaram tanto, há uma parcela desta cadeia produtiva que não teve o mesmo impacto. Até maio, o INCC-10 acumulou alta de 13,49% em 12 meses, enquanto na mão de obra subiu 2,98%, no período.
O IGP-10 foi criado em 1993, um ano antes do Plano Real, e naquela época o Brasil ainda vivia um momento de hiperinflação. Por isso, comparado com período, a taxa em 12 meses até maio deste ano de inflação de material de construção ainda é superior.
Além disso, também há outros fatores que podem justificar este aumento. A escassez de matéria-prima e desorganização de comportamento de consumo, que devido a pandemia pararam o mundo há um ano.
Sobre a falta de matéria-prima, Rafael Scodelario observa que o seu preço disparou, e isso também impacta os números. “Observe que o minério de ferro, de 16 de março de 2020 até 17 de maio deste ano, subiu 97,61%. O cobre, no mesmo período, subiu 111%”.
Diante deste cenário, acredita-se que as empresas que investem em projetos residenciais devem estar avaliando os custos de produções. “Com isso, novos lançamentos devem ser adiados, ainda que o mercado de modo geral esteja favorável para quem deseja comprar um imóvel”, avaliou Scodelario.
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Publicado em 18/6/21.