Sobre as boas e verdadeiras amizades, faz pouco tempo, uma descoberta me trouxe grandiosa alegria. Eis que, em momento de reverenciar as mais antigas, cachoeiras nas quais meu coração se banha em águas da infância e da adolescência, me dei conta de que tenho cultivado novas e preciosas estreitezas pessoais, habitantes recém-chegados nesse lugar sagrado que chamo de presente, em que vivo e aconteço a emocionante maturidade.
E me encanto com a própria existência pela percepção definitiva de que todas essas pessoas queridas e atemporais muito contribuem com o meu crescimento pessoal, participando positivamente na formação ininterrupta por meio da qual busco ser realmente humana.
Momentos há, devo confessar, que imagino como seria reunir toda essa gente amiga que, sem perceber, faz parte do elenco da minha felicidade. Para conjugarmos a amizade em todos os tempos e modos, com pessoas, números e vozes.
Amigas dos tempos do colégio, para saber se ainda se lembram daqueles sonhos sobre os quais costumávamos conversar na hora do recreio. Perguntar como têm vivido, sobre formaturas, casamentos e filhos, batizados e carreiras profissionais. Celebrando a simplicidade que tivemos naquela nossa meninice.
Junto com as colegas dos tempos de faculdade, perguntar-lhes se ainda querem ter uma calça Lee legítima para usar com blusa cacharel; sobre os shows de música no Teatro Leopoldina, os filmes nos incontáveis cinemas de calçada; lembrar do jovem professor que subia no banquinho, que ele mesmo levava, e fazia discursos para meia dúzia na Esquina Democrática. Celebrando a juventude daqueles dias.
Reservando, é claro, lugar especial para as novas e surpreendentes amizades que se instalaram de mala-e-cuia nesse meu precioso tempo presente, com suas idades e seus feitios diversos, de gostos musicais ecléticos e diferentes áreas profissionais. Algumas com filhos pequenos, outras com todos criados; umas solteiras, outras sem filhos; avós e até bisavós. Para que brindássemos a alegria que a vida é capaz de oferecer em um simples encontro de gente amiga contando boas histórias.
Neste 20 de julho, minha gratidão, orações e energias positivas às pessoas que me permitem conjugar a amizade em todos os tempos e modos, números e vozes, abraços e brindes.
Cristina André
Publicado em 19/7/24
