Como eu queria…

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Como eu queria que o povo brasileiro acordasse deste sono bêbado, onde néscios brigam por picaretas; onde dois grupos obcecados se digladiam dia e noite para defender o indefensável. Como eu queria que voltasse aquele espírito patriótico das “Diretas já”, quando multidões lotavam as ruas e praças, cantando o Hino Nacional, com pauta justa de reivindicação. Como eu queria que os jovens voltassem a debater política e não bajulassem políticos de estimação, comprovadamente desonestos.

Como eu queria que o povo brasileiro suplantasse o julgamento manente, a pobreza sancionada, a desigualdade dilatada, o subemprego institucionalizado, o voto obrigatório, a subserviência arraigada e a fome continuada.

Como eu queria que acabasse o jeitinho como solução, o populismo como opção, a exploração como condição, o raso como diversão e o medo como imposição.

Como eu queria viver numa democracia de verdade, que não se esperasse por heróis, que somente os honestos governassem, que o respeito fosse o primeiro dos valores, que a dignidade fosse lavrada, que a justiça fosse para todos, que não existisse privilégios e que educação fosse a base de tudo.

 

Usina de Asfalto

Na semana passada, a Gazeta noticiou que a Prefeitura de Guaíba está adquirindo uma usina de asfalto. Para mim, que sou crítico contumaz do estado deplorável das ruas da Aldeia, a notícia fez acender uma luz de esperança. No entanto, como não cozinho na primeira fervura, sou do tempo do tênis guides e da japona, aprendi que não se deve comemorar nada antecipadamente, ainda mais que no serviço público há uma cordilheira entre o discurso e a realidade.

Ainda assim, mantenho a esperança de ruas melhores; na torcida para que a usina funcione de verdade e não apenas pinte as ruas de preto.

Dito isso, vem o questionamento: como ficam as ruas de Guaíba até que a usina entre em operação? A buraqueira é grande, e se formos esperar a usina começar a funcionar será a alegria dos fabricantes de molas, suspensão e amortecedores e a tristeza dos guaibenses.

 

Aulas Presenciais

No auge da pandemia, me posicionei contra aulas presenciais sem que os professores e trabalhadores de Educação estivessem vacinados. A escola é local de aglomeração e todos nós, pais e avós, sabemos que as crianças se contaminam facilmente com gripe.

Mas a vacinação chegou, a primeira dose já alcançou percentual significativo da população, a segunda dose segue avançando e há protocolos sanitários que, se levados a sério, podem garantir uma segurança razoável.

Acontece que chegamos num momento em que é preciso pesar os riscos: da contaminação pelo coronavírus e da contaminação pela depressão. Sim, pelo sofrimento causado pelo afastamento. A questão psicológica é tão relevante quanto o coronavírus.

Além disso, não foram medidas ainda as perdas com a evasão escolar, outra pandemia que mais cedo ou mais tarde vai assustar.

Diante da vacinação, dos números, da realidade de crianças e adolescentes e da evasão escolar, eu faço coro com os que entendem que chegou a hora de voltarem as aulas presenciais, com todos os cuidados necessários.

 

Está errado, prefeito

O Governo Maranata tem mais pontos positivos do que negativos nesta arrancada, conforme já registrei aqui. No entanto, tem uma questão negativa que tem peso muito grande: o pagamento de portarias de 100% (o dobro do salário) para CCs em trabalho remoto, sem a devida transparência.

São justas as portarias para o pessoal da vacinação, para os que trabalham na linha de frente na Saúde e em outras funções essenciais. Acontece que o dobro do salário para CCs que ficam em casa, sem a devida contrapartida para a população, até pode ser legal, mas não está certo. Na verdade, está muito errado.

Eu sei que isso não é novidade na Aldeia, já bati muito no coça-coça remunerado do quarto andar da Prefeitura em governos passados. No entanto, o discurso na campanha eleitoral apontava para outra direção.

 

O Gráfico e a Manchete

Na edição do dia 25 de junho, a Gazeta Centro-Sul circulou com a seguinte manchete: “Pandemia dá sinais de recuo na Região”. O gráfico que apresentamos todas as semanas mostrava uma queda significativa, chegando a 114 casos naquela data. Hoje, temos registrados 28 casos na semana, o menor índice de contaminação desde o dia 11 de junho do ano passado.

Fico com receio de afirmar que estamos vencendo a pandemia, porque isso pode gerar relaxamento e este vírus é perigoso, ele muda e volta. Mas diante de tantas notícias negativas, entendo que cabe uma modesta comemoração. Cuidem-se, vacinem-se.

Eu recebi a segunda dose da vacina e sou muito grato à equipa da Saúde de Guaíba. Estão realizando um trabalho de excelência.

 

Leandro André

leandro.andre.gazeta@gmail.com

Publicado em 23/7/21.

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