Mais um ano se encerra em calendários e agendas, hora de dar adeus ao ano velho, de desejar um feliz ano novo. E no encontro que marca essa passagem do tempo que nós inventamos, despedidas simbólicas para as tristezas, brindes de boas-vindas para novas alegrias. Com a certeza momentânea e aconchegante de que uma nova primeira manhã traz mais do que simplesmente outro dia, mas um período todo novo em possibilidades, prova real de que a esperança é capaz de se concretizar.
Enquanto isso, a vida apenas segue seu caminho, dona de si, feito cometa a riscar os céus sem olhar para trás. Professora de tempo e de sabedoria, observa conexões, mede empatia, calcula gratidão, se faz de desentendida e quer saber o peso da nossa fé.
Eis que, nestes momentos de fechar para balanço, chegam lembranças aleatórias de outras viradas de ano. Na casa de madeira da pequena praia, na companhia de primos e primas, escrevíamos com giz, na desengonçada porta da garagem, os nomes das primeiras pessoas que tínhamos abraçado na noite que fechara o ano. Ritual provavelmente inventado para manifestar a alegria de estarmos lá naquele glorioso dia primeiro. Gratidão expressa em inesquecíveis rabiscos brancos, que se apagaram apenas da madeira.
Impossível não pensar na família em que nasci, nas alegrias proporcionadas pela mãe e os irmãos mais velhos, afeto que acalmava meu coração infantil na falta do pai. Que ainda me conferem brilho aos olhos quando reaparecem nas boas conversas. Estão em cada brinde que faço para exaltar a própria existência, nas vezes todas em que desejo um mundo melhor, feito de respeito e amor ao próximo. Gratidão no formato de boas festas.
De volta ao presente, penso na emocionante e bela noite natalina que tivemos, eu e meu marido. Ceia temperada pelo afeto, servida com boa quantidade de fé em Cristo, compartilhada com a filha, o genro e a neta querida, que fazem grandiosa a pequena família que construímos. Contando com a presença de gente amiga, da tia, do primo e das primas que tanto queremos bem. Gratidão manifestada em quitutes e sorrisos.
Mais um ano se encerra em calendários e agendas, hora de dar adeus ao ano velho, de desejar um feliz ano novo. E a vida, esta apenas segue o seu caminho, feito cometa a riscar os céus sem olhar para trás. Dona de si, observando conexões, empatia e gratidão, medindo a nossa fé.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 31/12/21.