O tempo é uma incógnita que sempre me intrigou. Desde os dias de ser apenas jovem estudante, me interesso pela explicação científica a respeito da sua passagem por nossas vidas, quieto e invisível.
Lembro-me de ter ficado impressionada ao ouvir, pela primeira vez, que o tempo não existia. Nas palavras do professor, tudo dependia da velocidade, e o assunto que me aguçava a curiosidade cresceu em importância, como até hoje acontece.
Eis que ele próprio, o tempo, foi passando e, sem que eu percebesse, foi mudando a direção da minha busca por respostas. E eu que gostava de saber sobre as tentativas de medir o tempo em laboratórios de universidades, na velocidade das partículas, nas viagens espaciais, comecei a prestar mais atenção na rapidez da sua passagem, feito cometa atravessando o céu.
A principal questão, então, passou a ser filosófica, porque nada volta, a vida segue na direção do infinito, precisamos aprender a cada instante. E o tempo, esse que voa cada vez mais rápido, segue como sempre foi, uma incógnita que não conseguimos desvendar. Por conta disso, por vezes deixamos momentos e afetos verdadeiros enfraquecerem, se perderem pelo caminho. Porque o tempo é veloz.
Assunto que sempre me interessou, já não me impressionam como antes os estudos científicos a respeito do tempo. Agora, observo com apreensão as pessoas que não percebem nosso atrelamento a ele, que voa feito cometa sem voltar atrás.
Na direção do infinito rumamos todos nós, levando o coração como único e grandioso tesouro que a vida nos concede. Feito baú de antigas viagens, nele carregamos o que realmente é necessário: sensibilidade, compreensão, tolerância, bondade e solidariedade, gratidão, fé, amor verdadeiro, que são nossas maiores riquezas.
O tempo é uma incógnita que sempre me intrigou. Nos dias estudantis, procurava pela explicação científica sobre sua passagem por nossas vidas, quieto e invisível. Hoje, minha curiosidade é filosófica, quero aproveitar suas lições de vida, já entendi a nossa efemeridade. Sei que nada volta, e o tempo, esse voa feito cometa atravessando o céu.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 03/2/23