Chicotada nas Costas

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Estamos há menos de um mês do início de mais uma Copa do Mundo, a vigésima segunda da história. Dessa vez, no Catar, um país de economia rica impulsionada pelas suas enormes reservas de petróleo. O Catar é uma península da Ásia Ocidental – quase uma ilha – onde os jogos acontecerão em apenas cinco sedes. O Brasil, único a participar de todas as edições desde que a competição foi criada em 1930, ficará na capital, Doha. E somos também o único que conquistou cinco títulos: 58, 62, 70, 94 e 2002.

Confesso que torço muito pela seleção brasileira quando chega a Copa do Mundo, é óbvio. Mas ultimamente, esse meu apego sentimental tem acontecido só e somente só nos jogos que envolvem a Copa do Mundo, incluindo a fase classificatória, é verdade. Copa América eu até assisto, em silêncio e sem muita motivação… exceção seja feita quando enfrentamos a Argentina.

O Brasil estreia numa quinta-feira, dia 24, às 4 da tarde (horário brasileiro), contra a Sérvia. Mas quem é a Sérvia? Quais os riscos de um resultado ruim na estreia? Muitos. Primeiro porque o Brasil é historicamente o adversário a ser batido. Uma espécie de ‘eterno favorito’. Segundo porque o primeiro jogo é sempre uma incógnita, principalmente pelo desconhecimento da qualidade do adversário associado à nossa própria identidade – quase soberba – como candidato ao título. Ou seja: numa estreia, o adversário ‘menos badalado’ está ‘no lucro’; e nós, no compromisso de vencer. Por fim, qual é a real diferença entre o futebol latino-americano e o do resto do mundo? Sabemos que existe, mas difícil de compreender o tamanho.

A Sérvia participa pela 13ª vez de um mundial, considerando os anos em que pertencia à Iugoslávia, de quem se dissolveu em 2006. Em 2010, na África do Sul, participou da Copa pela primeira vez como uma nação independente. E, mesmo sendo eliminada na primeira fase, venceu a Alemanha por 1 a 0. Em 2014, aqui no Brasil, eles não vieram. Mas em 18, na Rússia, caíram no grupo do Brasil (de novo!!!) e perderam por 2 a 0. Não passaram às oitavas…

A gente fica se preocupando com adversários tipo Argentina, Alemanha, França… Ninguém fala da Sérvia, o que soa como um certo ‘pouco caso’. Típico de brasileiro. No último torneio, o mundo desdenhava da Croácia e eles fizeram a final contra a França. Perderam, é verdade, mas chegaram. Coisa que nós, ‘favoritíssimos’ como sempre, não conseguimos. Para essa Copa, a Sérvia se classificou em primeiro lugar no seu grupo das eliminatórias europeias (UEFA); e mandou Portugal, de Cristiano Ronaldo para a repescagem aos 45 do segundo tempo. Então, caros leitores, não digam que não avisei. Os nossos dois outros adversários nessa primeira fase serão Suíça e Camarões. Com os suíços e sua fidalguia europeia, não me preocupo. Mas esse último tenho um recado para o Tite: o ideal é não jogar contra africanos precisando desesperadamente de uma vitória. Fica a dica…

 

* * *

Preciso fazer um ‘mea culpa’: quando saiu o uruguaio Alexander Medina, eu não queria o Mano Menezes como seu substituto no comando técnico do Internacional. Por motivos óbvios para um colorado. E até me manifestei pública e negativamente com a sua contratação, na época. Mas agora eu me autoflagelo, batendo com um chicotinho nas minhas próprias costas porque percebo o quanto ele foi importante num momento delicado de crise técnica e tática de um grupo desorientado de jogadores medianos.

Portanto, o jóquei vai indo bem. Não sei até quando. Mas os ‘cavalinhos’ que ele conduz não são tão puro-sangue assim quanto os do Allianz Parque, antigo Parque Antártica. Por isso, cruzar a linha de chegada em primeiro… é utopia. Não posso e não quero me iludir, mais uma vez…

 

Daniel Andriotti

Publicado em 21/10/22

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