Chegou o Inverno

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Dias há, neste pago sulista, em que tudo fica cinzento,

saio à rua de touca e cachecol, somente olhos de fora.

Vestindo bom agasalho, nos empurrando, eu e o vento,

passamos um pelo outro, sem distração nem demora.

Mãos enluvadas no tricô, nos pés, meias de lã e botas,

assim ando pela cidade, procuro quilo de bom pinhão.

Antes que noite e Lua cheguem, depois de idas e voltas,

quero estar de novo em casa, para esquentar o coração.

Sopa ferve no fogo, águas agitadas no lago que era rio,

cuido das roupas que me ajudam a enfrentar o inverno.

Sã e salva do escuro, cálices do vinho que espanta frio,

servidos ao som de boa música, brinde do jeito hiberno.

Calor caseiro em tempo frio, nos faz bem, agredecemos,

manta na hora do filme, talvez sobre um amor de verão.

Ficar assim, esquentando a vida, é o muito que queremos,

nada mais do que pipoca e arroz doce adoçando a estação.

Neste meu lugar no mundo, cada ano tem frio e calor,

e na chegada do novo inverno, todos fazem muito gosto.

Chimarrão, café e quentão, gente debaixo de cobertor,

se esquentando de fé e esperança, até depois de agosto.

 

Cristina André

Publicado em 21/6/24

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