Franz Kafka (1883-1924) nasceu em Praga, atual República Tcheca. A biografia revela que se tratava de um boêmio, porém quieto e agradável. E de uma inteligência óbvia e um senso de humor seco. Era formado em direito, mas considerado pela crítica como um dos mais influentes escritores do século XX. Morreu muito jovem, aos 41 anos, por tuberculose e desnutrição. Mulherengo, chegou a ser noivo, mas nunca causou, nem teve filhos. E tinha uma relação complicada e turbulenta com o pai.
Um belo dia, Kafka passeava pelo parque de Steglitz, em Berlim, na Alemanha, quando percebeu que uma criança chorava muito pois tinha perdido sua boneca favorita naquele lugar. A menina e o escritor procuraram a boneca por um longo tempo, sem sucesso. Kafka, então, disse-lhe para o encontrar lá no dia seguinte e eles voltariam a procurar pela boneca. No dia seguinte, conforme combinaram, se encontraram novamente e, antes de retomarem as buscas, Kafka entregou à menina uma carta “escrita pela boneca” que dizia: “Por favor, não chores por minha ausência. Fiz uma longa viagem para conhecer o mundo. Vou te escrever, ainda, muitas outras cartas assim como essa sobre as minhas aventuras”.
Começava ali, uma história que continuou até ao fim da vida de Kafka. E assim, durante três semanas, Kafka entregava pontualmente à menina outras cartas que narravam as peripécias da boneca em todos os cantos do mundo: Londres, Paris, Madagascar… Tudo para que ela esquecesse a grande tristeza da perda. Lia as cartas ‘da boneca’ cuidadosamente escritas narrando suas aventuras e conversas. A criança ficava encantada. Até que um dia, finalmente, Kafka comprou uma boneca e entregou à menina. “Mas não se parece nem um pouco com a minha boneca”, disse ela. Kafka então entregou-lhe uma outra carta onde a boneca dizia: “Minhas viagens me transformaram!!!”. A menina abraçou a nova boneca e voltou radiante de alegria para casa.
Algum tempo depois, Kafka morreu. Passaram-se os anos e a menina, já adulta, por uma casualidade foi mexer na boneca e encontrou uma cartinha dentro. No bilhete, assinado por Kafka, estava escrito: “Tudo o que você ama provavelmente será perdido um dia. Mas no final o amor voltará de outra forma”.
Se fosse hoje, Kafka provavelmente seria enquadrado como pedófilo. Mas pense nisso na hora de refletir sobre as nossas perdas e frustrações. A pandemia fatalmente fez com que nosso encantamento pela vida esteja na mesma condição da ‘perda da nossa boneca’. E sem cartinhas para nos consolar.
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Eduardo Coudet pediu para sair do Inter em função dos atritos que teve com Rodrigo Caetano. Pelo que se sabe, vivia pedindo reforços de qualidade para o time, mas o executivo de futebol não se empenhava em trazê-los. Miguel Angel Ramirez foi demitido porque seu ‘modelo tático’ gerou atrito com alguns jogadores que não aceitaram – ou não assimilaram – o ‘estilo’ do treinador. A cada dia que passa o Inter se torna refém de perdedores, burros e fracassados.
O retorno à segunda divisão é um dever.
Daniel Andriotti
Publicado em 18/6/21.