Camilli Chamone, geneticista, consultora em bem-estar e comportamento canino e criadora da metodologia neuro compatível de educação para cães no Brasil, explica, com base em estudos relacionados à Fisiologia, que cães são animais adaptados ao frio, uma vez que seus ancestrais evoluíram em regiões muito geladas do Planeta. Eles regulam a temperatura corporal através da respiração; ao contrário dos humanos, eles praticamente não transpiram.
Frentes frias só começam a ser complicadoras para o animal quando as temperaturas ficam negativas, algo raro no Brasil.
Duas características dos cães funcionam como isolante térmico, que os protegem do frio: pelo e gordura corporal. “Não há cobertor mais eficiente do que o pelo. Ele evita que o animal perca ou receba calor em excesso, ajudando a equilibrar a temperatura do corpo”, registra Chamone.
É comum que as pessoas humanizem os peludos e se preocupem com tempos invernais. Dentro de casa, eles costumam ser extremamente protegidos e, assim, adquirem mais sensibilidade ao frio. “Quando o cão vive em clima quente, em ambientes fechados, sem passeio ou contato com o ar externo, fica longe das intempéries do frio e se torna mais sensível a qualquer queda de temperatura”, explica.
Para os cachorros de rua, a realidade é outra, já que estão, o tempo todo, expostos a ventos, chuvas e noites mais gélidas. Se estiverem saudáveis, dificilmente sentirão frio, pois são adaptados.
Ações Mais Eficazes
“Se o cão estiver tremendo, e que não seja em contexto de dor ou medo, ele realiza uma atividade muscular involuntária, cujo objetivo é aumentar a temperatura de seu corpo”, informa a especialista.
Se isso ocorre com um cão de rua, a ação mais assertiva para ampará-lo é substituir a campanha do agasalho canina por uma de alimentos. “Para se manter aquecido, através da regulação da temperatura corporal, ele precisa de energia, que será encontrada na comida; ela é o combustível que o peludo necessita para se proteger do frio. Por isso, doar comida é o passo fundamental para ajudá-lo a enfrentar o clima gelado”, simplifica.
Em relação à doação de roupinhas, Chamone alerta: “Nem todo bicho se sente confortável com o uso, e isso definitivamente não irá salvá-lo do frio. Além de incomodar, estas peças podem molhar, em caso de chuva, e piorar a situação. Portanto, é prudente que sejam substituídas por cobertores de chão, que também são bem-vindos”. finaliza a geneticista.
Publicado em 16/6/23