Cabide Brasil

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Francisco Manuel da Silva e Joaquim Osório Duque-Estrada compuseram o mais belo hino do mundo: o nosso!!! Embora eu, particularmente e diante da atual circunstância, tenha ressalvas com relação a alguns versos. Por exemplo: “…de um povo heroico o brado retumbante”; “…Brasil, um sonho intenso, um raio vívido” e, principalmente, “Gigante pela própria natureza / És belo, és forte, impávido colosso / E o teu futuro espelha essa grandeza…”. Mas concordo muito com “…deitado eternamente em berço esplêndido…” e “…verás que um filho teu não foge à luta”.

Pois bem, esse é o hino oficial. No entanto, Renato Russo, vocalista e líder da banda Legião Urbana, morreu aos 36 anos sem saber que quando compôs “Que País é Esse?”, estava escrevendo o hino extra-oficial brasileiro, cujas principais estrofes, dizem: “Nas favelas, no Senado / sujeira pra todo lado / Ninguém respeita a Constituição / Mas todos acreditam no futuro da nação…”

E por que comecei esse texto assim? Porque nós temos:

– 1 Presidente e 1 vice-presidente da República;

– 1 Presidente da Câmara Federal e 513 deputados federais;

– 1 Presidente do Senado Federal e 81 senadores;

– 27 Governadores e 27 vice-governadores;

– 27 Câmaras estaduais com 1.049 deputados estaduais;

– 5.568 Prefeitos e 5.568 vice-prefeitos;

– 5.568 Câmaras municipais com 57.931 Vereadores;

Total 1: 70.794 políticos. Gostemos ou não, toda essa gente foi eleita pelo voto direto.

Agora vamos à segunda parte:

– 27 Ministros de Estado;

– 12.825 assessores parlamentares na Câmara Federal;

– 4.455 assessores parlamentares no Senado Federal;

– 540 Secretários de Estado (número estimado pela total falta de transparência);

– 27.000 assessores parlamentares nas Câmaras Estaduais (número estimado pela total falta de transparência);

– 600.000 assessores parlamentares nas Câmaras Municipais (número estimado pela total falta de transparência); assim como os milhares de cargos de confiança nas 5.568 prefeituras;

Total aproximado: 715.074 funcionários não-concursados, nem eleitos pelo voto.

Isso representa, no mínimo, um custo aos cofres públicos de R$ 128,4 bilhões por ano; 10,7 bilhões por mês. Algo como R$ 357,5 milhões por dia; R$ 14,9 milhões por hora; R$ 248 mil por minuto. Pensou que tinha acabado, né? Não. Ainda tem o fundo partidário: mais R$ 6 bilhões.

Nos Estados Unidos, país que tem uma população com 120 milhões de habitantes a mais do que os nossos 214 milhões, há 7.000 cargos em comissão ocupados por particulares sem concurso público. Ou seja, existe um americano não-concursado, nem eleito pelo voto para cada 47 mil estadunidenses. No Brasil, tem um para cada 300. No Chile, a população é de 17 milhões de habitantes: há 800 cargos em comissão ocupados por particulares sem concurso público. Na Holanda são 16 milhões de habitantes e 700 cargos em comissão ocupados por particulares sem concurso público. A Inglaterra, que tem 50 milhões de habitantes, há 500 cargos em comissão ocupados por particulares sem concurso público. França e Alemanha, que têm 65 milhões e 81 milhões de habitantes, respectivamente, há apenas 300 cargos em comissão ocupados por particulares sem concurso público em ambos os países. É assim que agem os países cuja dignidade é exercício rotineiro.

E essa nossa conta que ultrapassa os R$ 128 bilhões por ano, você sabe quem paga, né? Débito ou crédito? Tem aproximação? CPF na nota?

Onde foi que erramos para deixar que o Brasil chegasse a esse ponto?

 

Daniel Andriotti

Publicado em 19/1/24

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