Há momentos de aprendizagem que se tornam inesquecíveis em nossas vidas. Essa descoberta vai sendo construída ao longo do tempo, na compreensão que tudo aquilo que molda nossos pensamentos se reflete no cotidiano de maneira ampla, em sentimentos e ações. Para cada uma das boas lições aprendidas, ilimitados benefícios. Como se deu em uma palestra sobre alimentação natural, já faz bom tempo, em que fiz parte da plateia.
Cheguei ao evento, que teria duração de algumas horas, com o objetivo de saber mais a respeito de uma culinária alicerçada na utilização de cereais integrais, sal marinho, açúcar mascavo, verduras e legumes cultivados sem o uso de agrotóxicos e, na medida do possível, nas proximidades das nossas moradias.
Para minha surpresa e satisfação, o tema daquele valioso encontro ultrapassou os limites da gastronomia e dos ingredientes a utilizar. Especialmente nas horas dedicadas à prática, com as conversas acontecendo de maneira descontraída e aproveitando os pequenos anúncios teóricos da palestra inicial.
“Na preparação dos alimentos, cuidem para não cometerem excessos”, disse o instrutor culinário, observando que o verbo exceder significa exagerar, passar da medida, dos padrões de normalidade. O que, assim sendo, pode mudar o sabor da preparação, prejudicando o resultado do belo trabalho de cozinhar. Em seguida, deu exemplos práticos muito interessantes.
Perguntou ao grupo, quase cem por cento feminino, quem tinha dificuldade para escolher o que vestir de manhã cedo para ir ao trabalho. A maioria levantou o braço, em gesto corporal afirmativo. O palestrante sorriu e disse que deveria ser pelo excesso de peças no guarda-roupas. “Se vocês abrissem o guarda-roupas e avistassem apenas trajes que ainda usam, escolheriam rapidamente. Mas diante de tantas roupas sobrepostas, que nunca mais foram usadas, o simples ato de “vestir-se” torna-se um problema matinal”, afirmou. E sugeriu que chegássemos em casa e avaliássemos o que realmente ainda deveria ser mantido, encaminhando o restante para doação.
De volta aos assuntos culinários, o excesso foi outra vez tema das conversas. “Quando vocês entram na cozinha para fazer o almoço, encontram rapidamente os utensílios necessários ou levam mais tempo procurando e escolhendo?”, questionou. As respostas foram, quase todas, referentes à demora para encontrar e decidir qual usar. De novo, o mestre-cuca sorriu e disse que a razão provavelmente era o excesso de utensílios fora de uso abarrotando armários. “Avaliem essa situação e doem o que não usam para quem precisa”, sentenciou.
Foi muito bom participar daquele evento. Nos dias que se sucederam, segui a sugestão do palestrante, retirando do guarda-roupa e dos armários muita coisa que eu não precisava mais. Roupas, calçados, talheres, panelas e louças foram encaixotadas e doadas, abrindo espaços para as boas energias, resolvendo antigos problemas matinais causados pelo exagero.
Há momentos de aprendizagem que realmente se tornam inesquecíveis em nossas vidas. Para cada uma das boas lições, ilimitados benefícios.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 7/7/23