Esta situação de tragédia climática que estamos vivendo aqui no Rio Grande do Sul gerou em mim uma tristeza profunda, considerando o sofrimento das famílias que estão perdendo tudo o que conseguiram adquirir com sacrifício, enfrentando todo o tipo de obstáculos. Para muitos, não é a primeira vez que levam uma pancada dessas. A maioria das pessoas atingidas pelas inundações vive com dificuldades, trabalhando duro para se manterem com o mínimo de dignidade.
Esse quadro de sofrimento tem sido constante no mundo, com guerras sangrentas e crises sociais sem fim. Um combo de sofrimento que chega diariamente por meio de diferentes plataformas e acaba gerando um estado de esgotamento.
As cenas de resgate de crianças e pessoas idosas de suas casas quase submersas me apertam o peito; me coloco na posição daquelas famílias e me sinto impotente. Corro para a frente do supermercado para fazer doação ao Banco de Alimentos, faço doações de roupas, mas sei que isso é paliativo; melhor que nada, mas paliativo.
Vivemos num País rico, muito rico, com a maioria da população pobre, muito pobre. E assim tem sido desde sempre. Sobram populistas e falta distribuição de renda de verdade.
E neste contexto de desabafo, não consigo digerir o fato de vivermos em um mundo com tecnologia tão avançada de um lado, e, do outro, tanta pobreza, sofrimento e injustiça social.
Barra do Ribeiro
Essa semana, se confirmou uma notícia que divulguei aqui na Coluna no início do ano, quando a Tia Alaíde me informou que a CMPC elaborava projeto para implantar uma fábrica de celulose em Barra do Ribeiro. Mais uma vez a Tia Alaíde antecipou o que vai acontecer. Um dia o Sarrafo me disse saber quem é a Tia Alaíde, sugerindo ser uma vidente da Colina. Errou.
A promessa da CMPC é de construir uma unidade industrial sustentável e modelo mundial em preservação ambiental. Espera-se que isso realmente aconteça na prática.
Comentando sobre o anúncio do investimento, um amigo alegou que a Barra nunca mais será a mesma. Eu disse a ele: que bom. Fez-se um silêncio. Então, argumentei, lembrando que, hoje, a Barra é uma cidade parada no tempo. As praias são poluídas e não existe opções de trabalho e lazer, principalmente para os jovens.
Para quem tem um bom emprego e gosta de calmaria, a Barra do Ribeiro é uma cidade perfeita, mas para quem é pobre e quer ascender é complicado. Então, que bom que a Barra não será a mesma. Que seja mais próspera e que a CMPC cumpra o que está prometendo.
Difícil de Acreditar
O mundo das relações humanas está tão polarizado que quando alguém se manifesta de forma autêntica, sem se importar com rótulos ou em agradar, causa alvoroço e desconfiança.
Quando eu entendo que algo é positivo, ressalto a positividade; e quando entendo que é negativo, destaco o conteúdo tóxico, simples assim. Críticos de plantão, especialistas em rotular, se embaralham.
De acordo com o clichê da hora, se posicionar fora dos extremos é visto como algo esquisito. Só isso já mostra o quanto a coisa está distorcida.
É preciso esclarecer
Registrei aqui na Coluna gastos do Governo Maranata, apresentados na totalidade pelo Observatório Social, que precisam ser devidamente esclarecidos.
Gastos com combustíveis e com a agência de propaganda devem ser detalhados para se evitar injustiças e desconfianças. Eu entendo que, além de necessários, por tratar-se de dinheiro público, os devidos esclarecimentos ajudam a sociedade a entender onde está sendo investido o seu dinheiro. E, ainda, ajuda o gestor a prestar contas do seu trabalho. Se não está claro no Portal da Transparência, é preciso explicar.
Sigo aguardando os esclarecimentos sentado na Poltrona do Papai.
Edição Digital da Gazeta
Pela primeira vez em 30 anos, a Gazeta Centro-Sul está circulando apenas na versão digital. Isso se deve à tragédia climática que estamos enfrentando no Rio Grande do Sul. A gráfica onde o Jornal é impresso fica em Santa Cruz do Sul e os três acessos possíveis para sair da Cidade estão bloqueados, inclusive os atalhos pelas estradas de terra (barro). Com isso, optamos pelo digital para seguir chegando aos nossos leitores.
Na próxima semana, voltaremos ao bom e velho impresso. Agradecemos a compreensão.
Leandro André
Publicado em 3/5/24