‘Baseado’ em quê?

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Existe uma pérola musical do saudoso Bezerra da Silva – chamada “Malandragem Dá um Tempo”, também gravada pela banda Barão Vermelho – que dizia: “vou apertar, mas não vou acender agora; se segura malandro; pra fazer a cabeça tem hora…”

Pois então: agora a malandragem não precisa mais dar aquele tempo porque toda a hora é hora. Se você andava com aquele baseado no bolso, desconfiado e se escondendo da polícia para não perder a sua condição de réu primário, relaxe. Seu ‘enquadramento’ se dará apenas como um ‘ilícito administrativo’. Na verdade, o porte de maconha no Brasil já não era mais crime desde 2006, dependendo da quantidade apreendida, é claro. Mas era constrangedor: o cidadão tinha que ir até a DP para, pelo menos, ‘tocar o piano’. Traduzindo: tocar o piano é colocar as suas impressões digitais ‘na ficha policial’. Agora, não mais…

Então, quer dizer que liberou geral?

Calma. Não é bem assim. Portar – uma pequena quantidade – pode. O que não pode é fumar em público nem comercializar a malvada da cannabis por aí afora. Andar com ela no bolso, sem problemas!!! Se você for abordado pela polícia e indagado do porquê está com a erva, diga apenas “estou transportando ela para lá e para cá, como um amuleto da sorte”. Ah, bom. Então, tudo bem…

O Brasil é o país da piada pronta. A mais recente decisão do Supremo envolve apenas o porte da substância, em quantidades que ainda serão decididas – fala-se em 40 gramas. Normalmente, brancos e ricos com maconha é para uso medicinal. Pretos e pobres são viciados ou traficantes. Dependendo daquele que porta ‘o produto’ ou do humor da autoridade policial no momento da abordagem, um baseado no bolso pode ser considerado tráfico; enquanto que uma tonelada num caminhão pode ser entendida como uso medicinal e para consumo próprio.

Mas será que a descriminalização do porte de maconha poderá levar ao aumento do número de usuários ou ao agravamento do tráfico? De acordo com pesquisadores, é provável que não. Eu acredito que sim. Mesmo sabendo que nos países que liberaram o consumo foram percebidos pontos positivos em saúde pública, principalmente na queda do uso entre adolescentes, por exemplo. Mas esses dados são do Canadá e da Alemanha. É outra realidade. Já no Uruguai, outro exemplo e dessa vez na América Latina, caiu o consumo por meios ilegais, enfraquecendo o crime organizado. É muito improvável que isso aconteça no Brasil.

Quem viver, verá.

 

* * *

Antes, no governo genocida, lá por 2020, parte do Pantanal do Mato Grosso era consumido pelo fogo e a culpa era dele, é claro: do Presidente da República. Pelo menos era o que eu via, lia e ouvia nos principais veículos de comunicação do país e do mundo. Agora, o Pantanal voltou a arder em chamas. Já queima uma área equivalente a 830 mil campos de futebol e pode chegar a 13 vezes o tamanho da cidade de São Paulo. E a culpa é de quem??? Das mudanças climáticas, é lógico!!! Confere produção??? Greta Thunberg??? Ministra Marina Silva??? Miriam Leitão??? Presidente francês Emmanuel Macron???

Confesso que estou ansioso pela manifestação de vocês…

Daniel Andriotti

Publicado em 28/6/24

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