Há muitos intelectuais que criticam quem aprecia livros sobre comportamentos que ajudam a melhorar a vida, classificados de autoajuda. Fazem pouco caso, considerando-os sem valor para a educação e a cultura de uma pessoa. Eu respeito estas opiniões, mas discordo totalmente. Recém terminei de ler “Atenção Plena”, do terapeuta irlandês Padraig O’Morain, recomendado pelo Serviço Nacional de Saúde do Reno Unido, e gostei muito.
Já faz um bom tempo, comecei a entender a importância da atenção para o aprendizado em geral, para a compreensão dos acontecimentos, para observar e interpretar o mundo a nossa volta. Sobretudo, para evitarmos o estresse e a ansiedade causados possivelmente por algumas posturas adotadas no dia a dia, como ter pressa quando ela não se faz necessária, conversar com alguém e ler mensagens ao mesmo tempo, querer sempre ter razão e saber de tudo primeiro.
Lembro muito bem de um professor que nos orientava a estudar para as provas, no máximo, durante duas horas seguidas, parar um pouco, pensar em outras coisas, e então continuar por mais duas horas de estudos. Dizia-nos que a razão era bem simples: éramos muito jovens e, naquela condição da vida, depois de duas horas resolvendo problemas e equações, a bela festa de quinze anos que tínhamos ido recentemente, e nos divertido bastante, começaria a passar em frente dos nossos cadernos, levando embora a nossa atenção. E de nada adiantaria tentar aprender sem prestar a devida atenção, concluía.
Descobri, durante esta interessante leitura, que a minha vontade de aprender mais sobre meditação e a culpa que por vezes eu sentia pela falta de tempo para praticá-la não tinha razão de ser. Porque já realizo esse saudável exercício mental, de uns tempos para cá, só não tinha plena consciência disso, principalmente em ações costumeiras como preparações culinárias e orações. E que o escritor e terapeuta paulista José Ângelo Gaiarsa, em sua participação semanal no programa da jornalista Sílvia Popovic, pela TV Bandeirantes, na década de oitenta, já falava no extraordinário poder de prestar atenção na própria respiração.
Atenção plena é a tradução para o termo inglês “mindfulness”, explicado como um estado mental que nos mantém concentrados no momento presente, conectados única e exclusivamente no que estamos sentindo agora; e que somos capazes de controlar. Também traduzido em português como “consciência plena”.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 22/7/22