Assim na Terra como no Céu

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A Natureza, vez por outra, faz movimentos bruscos. Como os temporais que se espalharam pelo Rio Grande do Sul, entre a despedida do inverno e a chegada desta primavera, com ventos fortes, chuvas volumosas e prolongadas que causaram incontáveis problemas para a comunidade gaúcha.

Sobre as razões que lhe provocam respostas de tamanha contundência, cada vez mais reforço minha tese de que são muitas mais do que se imagina. Vão além do desmatamento de florestas e das megaconstruções a serviço da vaidade de xeiques árabes.

Entre as controversas ações humanas possíveis de se observar no dia a dia, está o descarte do lixo caseiro. É comum ver gente varrendo a calçada e empurrando sujeira para o bueiro, que ali está com o objetivo de dar vazão às águas. Em um processo de limpeza que combinaria muito bem com o ditado “o que os olhos não veem o coração não sente”.

Em escala gigantesca, as inacreditáveis ilhas de lixo que existem nos oceanos. Como a que está entre o Havaí e a Califórnia (Estados Unidos), formada por lixo plástico flutuante, resultante de ventos e correntes marítimas rotativas (redemoinhos). Foi descoberta pelo capitão Charles Moore, em 1977, que levou uma semana para atravessá-la. Tem até nome: Grande Porção de Lixo do Pacífico, e sua área é maior do que o Alasca (EUA), mas 85% dos resíduos não são avistados (submersos). A lixarada, que causa enorme impacto à vida marinha e é proveniente do Japão e da China, não é a única. Existem outras três semelhantes a ela, duas no Pacífico e uma no Atlântico. Isso que os oceanos são os pulmões do mundo, de acordo com cientistas, e não as florestas.

Eis que, algumas semanas atrás, o físico Jeff Baumgardner (Estados Unidos) declarou a um órgão de imprensa que o foguete Space 9, lançado em julho deste ano, possivelmente abriu um buraco na camada que separa a atmosfera terrestre do espaço, a ionosfera. E o mais preocupante é que, de acordo com a comunidade científica, esse tipo de “estrago momentâneo” tem acontecido há décadas; agora, cada vez mais. Os estudos sobre consequências a longo prazo ainda não foram concluídos (divulgados).

A Natureza, vez por outra, faz movimentos bruscos, sobre os quais não sabemos o suficiente para determinar as razões. Pelo que tenho observado, nossas ações contra ela vão além do lixo nos bueiros, do desmatamento, das megaconstruções e ilhas de plástico invadindo mares; já ganharam o espaço.

Assim na Terra como no céu.

 

Cristina André

cristina.andre.gazeta@gmail.com

Publicado em 29/9/23

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