As Dimensões do Tempo

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Entre as intrigantes teorias científicas sobre o tempo, está a de que acontece tudo junto, como se estivéssemos em lugares diferentes vivendo passado, presente e futuro. Apenas transitando entre uma dimensão e outra.

E se já é complicado entendermos o entra-e-sai nos portais da infância, transitando nos dias de agora e naqueles que ainda virão, parecem um pouco estranhas as afirmações sobre a influência do presente não apenas mudando o futuro, mas modificando também o passado.

De tudo que aprendi sobre esse enigmático tema, uma explicação me chamou a atenção, sobre o fato de as pessoas com formação nas ciências exatas costumarem olhar mais para a frente, pois vivem procurando respostas ali adiante. Enquanto isso, o pessoal das outras ciências, as chamadas de humanas, terem atitude contrária, estarem geralmente olhando para trás, por certo querendo desvendar o passado, descortiná-lo em benefício do presente.

Integrando o grupo dos matemáticos, constatei que realmente mantenho olhos mais no amanhã do que no ontem. Provavelmente, pelo trabalho de muitos anos, fazendo cálculos e resolvendo equações à cata de incógnitas, de resultados para situações virtuais e futuristas.

Eis que me habituei a olhar mais para frente, a buscar soluções abstratas no desconhecido. E neste meu andar sem pressa rumo ao futuro, ao olhar para o que já foi e observar minha vida no passado, desconfio que esteja deletando as dificuldades, as tristezas, tudo aquilo que não tenha sido positivo.

De repente, começo a compreender certas intrigantes teorias científicas sobre o tempo. Como a que afirma acontecerem junto, passado, presente e futuro, como se estivéssemos apenas transitando entre uma dimensão e outra. E que o presente tem influência, sim, no que já passou, pois, à medida que amadurecemos, nos desconectamos das revoltas, nos livramos das cobranças vazias, abraçamos a responsabilidade de viver.

Pode ter sido pelas visitas à infância, quem sabe pelas travessias imaginárias do futuro, as vivências do agora, não sei ao certo o que me fez começar a acreditar que as três dimensões devem ser observadas com a mesma intensidade de interesse, porque cada uma é capaz de modificar as outras de acordo com os nossos olhares, os nossos pensares, os nossos fazeres.

 

Cristina André

cristina.andre.gazeta@gmail.com

Publicado em 4/2/22

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