Aprendi com o José Lutzenberger, no século passado, que não se deve aterrar banhados e áreas baixas, pois servem de esponjas para absorver grandes quantidades de água em dias de chuvarada.
Em vários cantos do mundo, especialmente no Brasil, o que mais se faz é aterrar banhados e áreas baixas para implantar loteamentos e construir prédios. Não é preciso ir longe para constatar vários exemplos desta prática insustentável na volta.
Lago Guaíba
Alguns anos atrás, alguém decidiu, e ninguém contestou, que não se poderia mais dragar areia do fundo do Lago Guaíba. Estas decisões interesseiras surgem de repente, embaladas em “argumentos técnicos” que ninguém entende, então passam batido.
E, no embalo dos interesses, o Rio se transformou em Lago, ponto. Sem a possibilidade de dragagem, mesmo que de forma controlada, o que era formato de bacia virou prato raso. Quando isso acontece, para onde será que vai a água da chuvarada?
Eldorado do Sul
Diante do que aconteceu nesta cheia histórica, é preciso começar a pensar em um outro local para implantar a cidade de Eldorado do Sul.
Loteamento do Engenho
Acompanhei a audiência pública, na Câmara Municipal de Guaíba, proposta para debater sobre o alagamento no Loteamento do Engenho.
Os moradores questionam uma obra realizada pela Prefeitura no sistema de drenagem. Eles cogitam que uma alteração feita sem critérios técnicos tenha sido responsável pela inundação no Loteamento. Na argumentação do questionamento, que na verdade parece ser uma certeza, os moradores juntaram fotos e vídeo e fizeram um relato cronológico.
Se os técnicos da Prefeitura explicaram sobre a tal obra ter interferido ou não no agravamento da inundação no Bairro, eu não percebi. Ver matéria nesta edição.
A audiência pública serviu para chamar a atenção para o caso em tela e promover reflexão do quanto estamos atrasados quando se fala em planejamento na Aldeia. No mais, foi palco político. Me irrita ver político tirando proveito do drama alheio.
O que conta nesta história são os dados técnicos, discutidos por especialistas no assunto. Vamos aguardar o resultado da reunião técnica anunciada.
Bairro Santa Rita
Neste contexto de debater equívocos durante a catástrofe, estão organizando uma outra audiência pública para discutir a inundação no Bairro Santa Rita.
Neste caso, não houve alerta de inundação quando aconteceu, e pegou toda a comunidade de surpresa. Depois, teve alerta e evacuação quando não teve inundação. Isso precisa ser esclarecido, independentemente de audiência pública. Alguém falhou neste monitoramento.
A Causa Principal
Entendo que a questão dos aterros em banhados e terrenos esponjas; o assoreamento do Lago Guaíba; e o sistema de drenagem ultrapassado e sem a devida manutenção nas cidades contribuíram para agravar a cheia histórica deste ano. No entanto, não se pode negar que foi água demais.
Faltam RS 722 milhões
Os 20 municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, que fazem parte da Granpal, aguardam uma proposta do Governo Federal que reponha a quebra de caixa superior a R$ 722 milhões nos cofres dos municípios.
“A queda vertiginosa na arrecadação traz várias ameaças. A principal delas é a ameaça no pagamento dos salários dos servidores”, alertou o presidente da Granpal e prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata.
Escola Santa Rita
Está programada para as 14 horas deste sábado, 1º de junho, a cerimônia de entrega da Escola Municipal Santa Rita de Cássia, localizada no Bairro de mesmo nome, em Guaíba. As instalações foram bastante danificadas pelas inundações.
Graças ao apoio dos fuzileiros navais e da Prefeitura de Joinville/SC – Cidade Irmã de Guaíba – foi possível deixar a Escola pronta para entrar em atividade.
Obrigado fuzileiros navais; obrigado irmãos de Joinville pela ajuda!
Leandro André
Publicado em 31/5/24