Nos anos de 1930, os coronéis mandavam no Brasil. Passados 90 anos, os coronéis saíram das fazendas e se concentraram no meio urbano, mas a prática dominante segue a mesma.
Na teoria, existem três poderes constituídos e independentes entre si; na prática, o poder é o do sistema de cúpulas em revezamento, mantendo o povo dependente do assistencialismo.
O sistema se mantém na pobreza e na ignorância que se confundem e seguem numa permanente guerra polarizada, com o povo brigando entre si, acreditando estar defendendo uma causa justa, quando na verdade estão mantendo o status quo. Se não fosse assim, como explicar a diferença abismal entre a cúpula e o povo que se mantém precário através de diferentes governos e ideologias?
As massas são pobres, frágeis, não conseguem cobrar coerência dos governos que elegem. A distribuição de renda é perversa e isso é mantido por um conceito imperial. A chamada esquerda, que se apresenta como antídoto do mal, se transformou na versão tabajara do coronelismo, situação agravada pelo fato de passar pano na corrupção.
E o Estado permanece forte como feroz cobrador de impostos e manso distribuidor de favores, mantendo as massas trabalhando intensamente para pagar boletos com satisfação. E seguem os coronéis da política, em duas frentes rivais, levando seus rebanhos instigados a darem coices uns nos outros.
Reportagens Especiais
Entendo ser importante comentar sobre alguns temas relevantes que a Gazeta Centro-Sul abordou em reportagens exclusivas neste ano. Tem certas questões sobre as quais é fundamental a sociedade ter conhecimento.
Em fevereiro, uma entrevista com o prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata, na qual ele fala de detalhes do seu governo e assume que irá tentar a reeleição. Na mesma edição, uma radiografia do Bairro Logradouro, o mais distante e carente do Município.
Em março, destaque para a apresentação do serviço realizado pelo Procon, com atendimento na Ulbra/Guaíba.
E, ainda, a questão dos animais de grande porte soltos em via pública, principalmente na Estrada do Conde, onde já aconteceram acidentes graves.
Tema de grande relevância ressaltou o tratamento de esgoto em Guaíba, com dúvidas sobre seu efetivo funcionamento; uma questão que precisa ser melhor esclarecida pelas autoridades responsáveis pela fiscalização deste serviço.
Em abril, reportagem sobre a Fazenda Maranata, um Centro de Vida Saudável, com tratamentos alternativos, no interior de Sentinela do Sul.
O lançamento do projeto com os 10 lugares mais bonitos de Guaíba, que estão sendo publicados semanalmente.
Encerrando abril, destaque para a reportagem do Centro Integrado, criado para enfrentar o abuso sexual infantil em Guaíba, que registra os maiores índices entre as cidades do RS. Uma abordagem que faz o alerta a respeito do problema e enfatiza os avanços no combate a este tipo de crime hediondo a partir da criação do Centro.
Em maio, o Jornal colocou holofote na questão do único acesso rodoviário ligando aos bairros da Zona Sul da Cidade.
Outro tema relevante trazido pela Gazeta foi o início do turno integral na Escola Estadual Dr. Ruy Coelho Gonçalves.
Divulgamos os gastos do Município com locações de imóveis.
Em junho, trouxemos o prejuízo que serviços terceirizados podem causar ao Município, que responde de forma subsidiária quando as empresas deixam pendências.
Reportagem da Gazeta destacou as Emendas Impositivas dos Vereadores, esclarecendo o que são e como funcionam.
E, nesta edição, trazemos a questão da liberação dos loteamentos no Município, com foco no bairro planejado Guaíba Park.
Parecer do TCE sobre a Prefeitura
Recebi parecer do TCE, Processo: 1882-0200/22-3, no qual a relatora Ana Cristina Moraes dá parecer desfavorável à contratação de empresa de terraplenagem pela Prefeitura de Guaíba, em 2022, com dispensa de licitação, destacando “erro grosseiro”.
Questionei o procurador-geral do Município sobre este parecer do TCE. Segue a resposta por meio de nota.
“Este processo foi iniciado em função de uma representação feita por uma empresa que prestava serviços ao Município, que acabou sendo afastada através de Processo Administrativo Especial conduzido pela Comissão de Sindicância e PADs, por inexecução do contrato.
Quanto ao parecer da Relatora Ana Moraes, ele foi feito para instruir o julgamento do Processo, na sessão do dia 06/06/2023. Porém, o julgamento acabou sendo suspenso na mesma sessão, a pedido da própria relatora que, após a sustentação oral realizada na defesa dos gestores municipais, solicitou a suspensão dizendo que, com base nos esclarecimentos feitos, iria rever o voto anteriormente dado. Hoje, o julgamento está suspenso, aguardando o novo vota da relatora”.
Leandro André
leandro.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 23/6/23