No jornalismo o sigilo da fonte é garantido pela Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso XIV. Isso significa que um profissional de imprensa não é obrigado a revelar a íntegra da sua coleta de dados, mesmo que o material entregue seja objeto de crime. Só que não. Depois das eleições, Lula e todo o STF passaram a acreditar no controle da mídia. Aliás, verdade seja dita: Lula falou sobre o assunto sem nenhum constrangimento durante a campanha eleitoral. E eu, ingênuo, acreditando durante todo esse tempo que a esquerda defendia a liberdade de expressão. Mas tem pior: o silêncio constrangedor das grandes empresas de comunicação sobre esse assunto. Nos próximos parágrafos o leitor vai entender onde eu quero chegar…
Logo que assumiu, Lula vestiu seu manto sindicalista e foi logo atirando contra o teto de gastos e a responsabilidade fiscal, ignorando que a instabilidade na economia gera inflação, desemprego e (mais) pobreza. Isso, naquele momento, não repercutiu bem e foi público e notório um certo mal-estar na relação com ‘aquela imprensa’ que, de um modo geral, tanto lhe apoiou na campanha. O alvo da vez é o presidente do Banco Central, o primeiro depois da redemocratização que não é indicado pelo Presidente da República. Com isso, Lula continua sendo Lula. Nada do que está fazendo é novidade. Critica os ditadores mas age como eles. Não aceita que o homem que carrega a chave do cofre mais importante do país não seja petista ou alguém que ele botou lá.
Mas bastou as empresas estatais ‘retomarem a veiculação’ dos seus comerciais nos caríssimos horários nobres da TV aberta que a lua de mel voltou a reinar entre a imprensa e o Planalto. As famintas e gulosas emissoras que bateram sem dó nem piedade durante os quatro anos da gestão Bolsonaro, amamentam-se novamente com o dinheiro público que jorra nas tetas da União. Portanto, a partir de agora, haja o que houver, deduz-se que as pautas serão sempre positivas e favoráveis ao governo federal.
Na campanha de 2018, Bolsonaro levou uma facada. Não foram poucas as pessoas que vibraram com a agressão (se a vítima fosse alguém simpática à mídia militante a palavra utilizada seria ‘atentado’). Durante a sua gestão – que a esquerda caracterizou como fascista – boa parte da classe artística postou imagens do presidente num caixão com flores; além de uma montagem de um jogo de futebol onde a bola era a cabeça do presidente, entre tantos outros ‘memes’. Um jornalista chegou a desejar publicamente a morte do presidente quando este contraiu Covid.
Definitivamente Bolsonaro foi o fascista mais incompetente da história, pois deixou a sociedade falar mal dele à vontade, coisa que Lula e Xandão não permitem. Por outro lado, hoje, os ‘democratas’ das altas cortes e favoráveis à liberdade de expressão pensam diferente. Mandam prender quem posta comentários negativos sobre eles, invadem contas de celular e por aí vai. Abusam do poder que têm e até do que não têm, sem qualquer tipo de censura ou constrangimento. Essa, ao que tudo indica, será a tônica do governo: adeus informação, adeus contraditório. Guarde o que você pensa para si. Em Cuba é assim. Na Venezuela é assim. Na China é assim. Aqui, ao que tudo indica, será apenas uma questão de tempo…
Lula jamais admitiu o erro de apoiar o chavismo, regime ditatorial que destruiu o país outrora mais rico da América do Sul. Também é amigo e simpatizante do ditador Daniel Ortega, da Nicarágua. Jamais se furtou de enaltecer Cuba, algo incompatível com o ‘prezar pela liberdade’ pois até hoje todo regime comunista que a história da humanidade registra é ditatorial. Em seus mandatos anteriores, Lula flertava com o Irã e o Estado Islâmico, aquele que decapitava jornalistas ocidentais. Beijar a mão de ditadores e ter respeito internacional são situações mutuamente excludentes. Quem se ilude quanto a isso deve voltar para a galáxia de onde veio.
Daniel Andriotti
Publicado em 17/2/23
