Escrever sempre foi uma espécie de terapia em minha vida, um constante aprendizado alicerçado na leitura. Neste trabalho de todas as semanas, gosto de compartilhar lembranças e novas experiências, expresso sentimentos e esperança. E sou repetitiva, às vezes, de tanto acreditar em certas afirmações que faço. Como a de que refeições feitas em parceria, em torno da mesa, aprofundam os relacionamentos, alimentam o corpo e a alma.
Certamente foi pela exposição dessa minha compreensão da vida que, já faz quase uma década, tive grata surpresa ao receber telefonema da leitora Harlei Rodrigues, que me perguntou se eu conhecia o livro “A Experiência da Mesa”, da norte-americana Devi Titus. Ao responder-lhe que não, ela me disse que certas colunas que eu escrevia tinham muito em comum com a essência daquele livro. Em especial, quando eu fazia referência aos almoços em família, o modo como aprecio mesas bem servidas, e a minha contrariedade em relação às conversas negativas enquanto nos alimentamos.
Gentilmente me perguntou, então, se eu gostaria de fazer a leitura, poderia deixá-lo na secretaria da Gazeta para que eu o levasse para casa e o desfrutasse. Aceitei com alegria.
Verdade seja dita, protelei um pouco, havia outros livros à espera da minha atenção, alguns com boa parte das páginas vencidas. Até que, numa tarde ensolarada que fechava mais um inverno, nos encontramos por acaso numa rua central da cidade. E a leitora me perguntou se eu estava gostando da leitura.
Constrangida, confessei que ainda não tinha começado, tentei argumentar com a falta de tempo e, finalmente, pedi que ela deixasse o livro comigo por mais uns dias. Educadamente, ela concordou. E eu voltei para casa decidida a ler aquele livro que me chegara às mãos de maneira tão amigável.
Já nas primeiras páginas, o que parecia apenas compromisso tornou-se tarefa das melhores. Minhas teorias sobre o fortalecimento de laços afetivos através das refeições à mesa foram se firmando, se aprimorando. E a autora, além de me deixar ainda mais confiante naquilo em que eu sempre acreditei, me ensinou outras importantes verdades.
Gostei tanto do livro que, ao terminar a leitura, decidi comprar um exemplar só para mim, para escrever em suas páginas, sublinhar certas frases e voltar a abri-lo toda vez que eu quisesse. E fiz mais: em aniversários e natais, presenteei amigas e pessoas da família com exemplares daquele livro.
Foi gratificante compartilhar com a escritora Devi Titus o conteúdo de “A Experiência da Mesa”, muito mais ainda pela forma como aconteceu, trazido pela gentileza sutil de Harlei Rodrigues, uma leitora desta coluna. Até hoje me lembro desse grato episódio.
Aos leitores em geral, faço a seguinte sugestão: fechem os olhos e pensem em uma lembrança muito agradável. A maioria, provavelmente, estará relacionada com a família reunida em volta da mesa, compartilhando uma refeição, alimentando o corpo e a alma.
* Inspirada em coluna escrita e publicada no ano de 2013.
Cristina André
critina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 11/2/22
