Manhã de sábado, temperatura agradável deste outubro que se despede, cheguei ao prédio do antigo mercado público de Guaíba, onde aconteceria a palestra para a qual eu me inscrevera. Espaço de destaque da Olifeira, para apresentação e comercialização de azeites de oliva fabricados no Brasil, a maioria deles aqui no Rio Grande do Sul.
Verdade seja dita, nem parecia aquele mercado que, fazia anos, se encontrava em estado de total abandono, sem telhado, exposto às intempéries e ao esquecimento. Coberto com a elegância de quem tem compromisso importante, todo enfeitado com oliveiras em grandes vasos, foi surpresa das mais agradáveis.
Com boa margem de segurança em relação ao horário de início da atividade, aproveitei para tomar um café expresso, à moda mineira, na cafeteria que por lá se instalou durante o evento.
Entre um gole e outro, gente conhecida parava para cumprimentar, sem pressa, ao estilo daqueles dias antigos dessa nossa cidade. E até pessoas recém desembarcadas do catamarã queriam conversar sobre a cidade, eram visitantes da 1ª Olifeira, evento que se espraiava além das fronteiras do antigo prédio histórico vestido de festa; tocava e cantava pelo Largo José Cláudio Machado, matava a sede e comprava quitutes doces e salgados pela Praça da Bandeira.
Aprendi boas lições sobre os azeites frutos das oliveiras, que considero símbolos da própria vida. Já faz bom tempo, utilizo em todas as preparações de almoço e jantar, tanto pelo sabor quanto pelos benefícios à saúde.
Noite chegando, acompanhada pela família, voltei para a Olifeira. E foi um espetáculo à parte o que me aconteceu em matéria de reencontros e manifestações de carinho que recebi de famílias inteiras, ex-alunos e ex-colegas, amizades antigas que a pandemia tirou de circulação.
Incontáveis foram os acenos e sorrisos, os abraços e as frases expressando saudades. Ganhamos até uma caixa de camafeus deliciosos, um doce muito apreciado lá em casa. E, no jantar que fechou a noite, em restaurante da cidade, uma família de amigos que comemorava o aniversário da filha, em gesto de delicadeza, compartilhou o momento tão especial conosco, servindo-nos deliciosa torta de aniversário.
Na caminhada de volta à casa, elogiando o show do Nei Van Soria, conversa casual com o prefeito e a primeira-dama, agradecimentos aos bombeiros que salvaram um porco-espinho assustado pelo movimento incomum. Mais acenos e sorrisos.
Afinal, o que é felicidade?
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 28/10/22