Tema que sempre me encantou, a passagem do tempo em nossas vidas, com sua delicada e sutil acomodação de tudo, segue arrebatando minha atenção plena. Nas lembranças da lentidão dos antigos relógios, em dias feitos de criancice e juventude, de repente se atravessa a ligeireza digital que acelerou o tempo na vida adulta. E são muitas as teorias sobre esse fenômeno.
Lembro-me bem do professor a nos explicar, em uma das suas admiráveis aulas de Física, que se fosse possível implementar velocidade maior do que a da luz em uma nave que viajasse pelo espaço, o tempo, esse dos nossos calendários, simplesmente pararia de acontecer para os viajantes da nave. E aprofundando ainda mais aquele tema complexo, nosso habilidoso mestre, com a plateia estudantil totalmente em suas mãos, salientou que astronautas, na tal viagem mais veloz do que a luz, poderiam percorrer o universo por um século e voltar à Terra sem envelhecer. Trariam apenas as rugas que tivessem levado.
Vida acontecendo, era recorrente o pensamento sobre aquela nave apressada, vencendo a corrida contra a luz, desbravando o universo. E a percepção de que ainda havia muito a decifrar em relação ao tempo embarcou naquela nave rumo ao infinito.
A passagem do tempo, eis minha maior curiosidade, especialmente pelo jeito particular dele existir em cada um de nós, com sua delicada e sutil acomodação de tudo.
Pelas lembranças da lentidão dos antigos relógios, em dias de criancice e juventude, e a observação da realidade feita de ligeireza digital, que de repente acelerou o tempo desta nossa vida adulta, criei particular interpretação dessa incógnita.
A calmaria daqueles dias de infância e juventude eram simplesmente avisos do universo de que a pressa poderia encurtar o tempo. Então, se hoje vivemos em dias que parecem ter menos horas, certamente é porque aceleramos demais, aumentando a própria velocidade. Ela está em nós, não nos relógios.
Cristina André
Publicado em 13/9/24