Recentemente, estive na Serra Gaúcha, visitando alguns lugares turísticos. Fazia mais de dez anos que havia passado por lá. Fixei minha base em Caxias do Sul e visitei Bento Gonçalves, Farroupilha e Garibaldi. Conheci o Caminho das Pedras, com vários restaurantes que servem comida típica italiana; sítios temáticos; o Santuário de Caravaggio, a Estação da Maria Fumaça, a Vinícola Peterlongo; a Rua Buarque de Macedo no Centro Histórico de Garibaldi; e o Vale dos Vinhedos.
O que impressiona na Serra Gaúcha é a limpeza e a organização das cidades; os lugares transformados em pontos de visitação.
Como jornalista, analisei a questão estratégica e empresarial que sustenta a transformação do bonito em muito bonito, do simples em interessante, valorizando a história dos imigrantes italianos; da saga à prosperidade familiar e comunitária. Juntaram histórias de um passado de superação e agregaram valor turístico. Daí, comparar a Região da Serra Gaúcha com a da Costa Doce, começando por Guaíba, foi inevitável.
Guaíba aproveita a história da Revolução Farroupilha explorando a Casa de Gomes Jardim e seu entorno, divulgando aos visitantes o que aconteceu ali. Mas isso não iniciou com um projeto comunitário e governamental integrado, como na Serra. Aqui, o que segurou a história foi basicamente o empenho de uma família. Somente neste ano, o Marco Farroupilha e a Praia da Alegria foram revitalizados pela CMPC por meio de um TAC. Os bares na Praia da Alegria são botecos muito precários. Na Beira, o anunciado Centro Gastronômico, com restaurantes e decks, não passou das conversas.
Na Região da Costa Doce, apesar das belezas naturais, com a exuberante Laguna dos Patos e seus recantos paradisíacos, com seus cenários históricos, o turismo é frívolo.
Então, o que falta? Vontade política, engajamento social e investidores, que vêm na sequência das duas primeiras ações.
Enquanto na Serra Gaúcha milhares de visitantes disputam lugares em sítios e restaurantes, movimentando a economia da Região, na Costa Doce o potencial turístico dorme sob o Cipreste.
Essa diferença significativa de atitude entre as duas regiões do Rio Grande do Sul pode estar relacionada com a origem dos primeiros habitantes e suas características: italiana na Serra e portuguesa por aqui. No entanto, o que conta de verdade é a união da comunidade, a compreensão do potencial a ser desenvolvido e o desejo de ascender.
Na Europa, qualquer riozinho é aproveitado para passeios turísticos; aqui, com Lago e Laguna espetaculares, barco de passeio é raridade.
Antes mesmo de assumir como prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata, que é empresário, anunciou que o desenvolvimento turístico seria prioridade em seu governo. Isso é importante, mas para transcender o discurso, precisa receber a adesão da sociedade. Já passou da hora de nos voltarmos para a exploração turística de maneira profissional. Quem conhece a Serra Gaúcha sabe bem do que estou falando.
O pior aconteceu
A polarização devota na política partidária é um câncer social, porque tira das pessoas a capacidade de ouvir o contraditório e ponderar; ataca violentamente a fonte que nos faz evoluir.
A polarização política se manifesta em dois cenários: o da bolha que reduz tudo ao seu interior, seu polo; e o que é capaz de distinguir patota de nação. No Brasil, o pior aconteceu. Vamos lá!
O povo norte americano, os estadunidenses, estão divididos, polarizados na política partidária. Republicanos e Democratas brigam diariamente, se engalfinham como acontece no Brasil entre lulistas e bolsonaristas. No entanto, há um ponto fundamental que faz toda a diferença e os coloca como potência mundial. Nos Estados Unidos, o povo reverencia seu país, sua bandeira e seu hino. A Nação está acima da patota.
No Brasil, a patota tem mais importância do que a Nação. Vamos a dois exemplos que provam o que acabei de afirmar. Nos estádios de futebol, no momento do Hino Nacional, poucos reverenciam o País. Uma massa significativa exalta seu time enquanto toca o Hino, fazendo questão de apatifar. Confundem governo com Estado, torcida organizada com Nação, político com herói, ideologia com religião. E na ignorância carnavalesca, os “pobres coitados” acreditam que estão contestando o governo da hora. Outro exemplo: como os esquerdistas ainda acreditam no socialismo do Che Guevara, usam a bandeira vermelha como manto sagrado. Por outro lado, os bolsonaristas que acreditam ser os legítimos patriotas, se apossaram da Bandeira do Brasil.
Resumo da bufa: o pior aconteceu por aqui e não sei como vamos sair dessa.
No Meu Blog
Tenho recebido pelo WhatsApp um bombardeio de postagens anunciando o Maranata como candidato a vice-presidente do Brasil e como candidato a vice-governador do Rio Grande do Sul. Uma sequência de bajulação esquisita. Comento sobre isso no meu blog, no site da Gazeta (www.gazetacentrosul.com.br).
O que salva
Em meio a tanta insensatez e ranço no contexto político do País, o que salva é a força solidária que aflora em momentos dramáticos. Recomendo a leitura do Editorial desta edição da Gazeta.
Leandro André
leandro.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 30/7/21.