Você, caro leitor, nesse apagar das luzes de 2024, em algum momento parou para pensar no mistério da letra J, a décima do alfabeto?
Pois bem: antes que comece janeiro, porque logo ali adiante vem junho e julho, havia uma tribo chamada Judah, na região da Judéia, próximo da Jordânia onde nasceu um menino chamado Jesus – cuja mãe foi transportada até ali por um jegue (ou seria um jumento?). Seu pai, ainda jovial e que se chamava José entregou Jesus para ser batizado por João, que jejuava às margens de um rio, o Jordão na distante Jerusalém.
Mas foi justamente num país que não começa com J, mas sim com B, que alegando justiça passaram uma corda na jugular de um dentista chamado Joaquim José; uma tamanha judiação, na Vila de São José, antiga São João del Rei, na junção com Jacutinga. Mas foi nesse país que essa letra não trouxe muita sorte. Enquanto que os Estados Unidos teve presidentes como John Adams, James Madison, James Monroe, John Tyler – e o mais jovial de todos – o JFK, nós tivemos José Linhares, que veio antes de Juscelino, nascido na mesma terra do J Quest e do Skank, esse último não começa com J mas compôs o jingle Jackie Tequila. Juscelino, jeitoso, andava de jipe e de jato. Mas morreu num acidente com uma jamanta. Antecedeu todos que já estão no jazigo, como Jânio, Jango e João Batista, o Figueredo. Juscelino – sem justificativa – achou justo que a sede do poder deveria estar em Brasília, que também não começa com J…
Na jornada dos jardins dessa Brasília sem J, onde raramente se ouve jazz mas bebe-se muito Jack Daniel’s e fuma-se charutos Julieta Y Churchill, se jubilaram justamente os jactantes (ou seriam jiboias?) que não comeram jiló e nunca tiveram jeito de jeca, José Sarney (que ganhou o prêmio Jabuti) e Jader Barbalho (que tinha jagunço), José Dirceu, José Serra, José Agripino, Jaques Wagner, João Vacari Neto, João Paulo Cunha… justo eles, que jaziam na lista do Janot e, portanto, de acordo com a jurisprudência tiveram problemas com ela: a Justiça, principalmente numa operação chamada (Lava) Jato. E lembram quem enfiou o primeiro pé nessa jaca? Um deputado jaguara chamado Jefferson, o Roberto. Tivemos um outro presidente, o Jair, que fez jus à Junta Militar; mas que até onde se sabe não chegou a ter problemas com Joesley, da JBS, no Palácio do Jaburu.
E assim vamos joqueando no jogo dessa jurisdição em meio aos jacarés, que são senadores como Jorge Kajuru, Jayme Campos, Jussara Lima, Jaime Bagattoli, Jorge Seif; e deputados federais como Jandira, Júlia, Juliana, Jhonatan, João Carlos, Joaquim, Josias, Joseildo, Josimar, Juarez e Jonas; e ministros como Jader Júnior, Jorge Messias, José Múcio e Juscelino Filho, além é claro, de uma primeira-dama, a jocosa Janja.
E antes que se pague um jabá para um jornalista publicar no jornal ou que se diga ‘aqui jaz essa jornada’, jamais poderia faltar o nome daquele que traiu Jesus: com quê letra mesmo começa o nome dele???
Daniel Andriotti
Publicado em 27/12/24