A fábrica de celulose, hoje pertencente ao grupo chileno CMPC, completou 50 anos em Guaíba no dia 16 de março. Nesta edição, a Gazeta Centro-Sul conta como a indústria veio parar em Guaíba. É uma história incrível, narrada pelo ex-prefeito Maneca Stringhini, um dos protagonistas, para o livro que escrevi – Guaíba Outra Margem. Pode-se dizer que o acaso mudou o destino do Município.
Toda a indústria de celulose gera importante impacto ambiental, o que se agrava quando está localizada em perímetro urbano, como é o caso aqui na Aldeia. O tempo de protestar contra a presença da planta industrial no quintal da cidade já passou. O que importa, agora, é garantir a continuidade de ações eficazes de controle.
Entendo que a reflexão sobre a planta industrial que habita nosso corpo urbano deva considerar o custo-benefício para a comunidade local. Vamos imaginar Guaíba sem a empresa (hoje CMPC); como seria a economia da Cidade? E, consequentemente, a questão social; como estaríamos? Estou perguntando.
A empresa exerce importante papel na economia regional, gerando empregos e renda, isso é incontestável. Também é verdade que gera impactos ambientais como barulho, mau cheiro eventual e liberação de partículas no ar. Diante deste quadro é que precisamos calcular o custo-benefício do empreendimento.
Como morador de Guaíba há mais de trinta anos, posso garantir que houve avanços importantes no sistema de tratamento dos resíduos industriais.
Eu percebo mais pontos positivos do que negativos para o Município com a fábrica na Aldeia, considerando os empregos diretos e indiretos, o dinheiro injetado na economia, impulsionando empresas menores, os apoios aos projetos sociais, os impostos e a geração de renda derivada de tudo isso.
Mas nessa minha percepção, em que o benefício é maior do que o custo, preciso ressaltar que a empresa não faz qualquer favor para a comunidade quando apoia projetos sociais e dá atenção especial para a cidade onde está inserida. Não há favor neste contexto, considerando que, por mais rigoroso que seja o controle, com tecnologia avançada, os impactos ambientais existem e causam transtornos, principalmente para os moradores do entorno da fábrica.
Na década de 1990, o ex-diretor da empresa, Aldo Sani, implantou o sistema de tratamento terciário de efluentes para a remoção de poluentes específicos na água utilizada pela fábrica; depois, transformaram resíduos em adubo e, assim, os processos foram se aperfeiçoando, tornando viável o convívio da planta industrial no perímetro urbano.
Na sequência desta trajetória de ajustes, o ex-diretor Walter Lídio Nunes, com diálogo direto com a sociedade e cumprimento de promessas, conseguiu a tão importante “licença social” para manter a operação da fábrica. Este relevante ponto de equilíbrio não foi alcançado do dia para a noite, com doações de mimos ou com mensalão. Foi um trabalho de diálogo constante, envolvendo a população, o Ministério Público, os órgãos de licenciamento e controle ambiental e os representantes da companhia.
Há mais de dez anos, o grupo chileno CMPC controla a fábrica de Guaíba, que gera lucros importantes, e que pela sua localização viabiliza a exportação de sua produção através do Oceano Atlântico. E o trabalho de parceria com a comunidade segue. Que este modelo continue evoluindo, alicerçado na sustentabilidade.
Casas da Beira
Não é verdade que as Casas da Beiras (Avenida João Pessoa, Centro de Guaíba) se encontram como em 2018, quando foram doadas à Santa Casa. Em um dos imóveis, tem abertura no telhado, por onde está entrando água da chuva. Além disso, os cupins estão destruindo a madeira nos dois prédios. Se não houver manutenção, é uma questão de tempo para começarem a desabar. Sugiro uma revisão urgente na parte interna dos imóveis.
Pela localização e envolvimento histórico dos imóveis, eles podem ser aproveitados no contexto turístico do Município.
Frutas no Lugar do Tabaco
Com apoio da Emater, a fruticultura avança na substituição da produção de tabaco na Região Centro-Sul. Sabe o que significa produzir frutas no lugar do fumo? Avanço, prosperidade e negócio saudável.
Comissão Especial
Os vereadores que integram a Comissão Especial da Câmara Municipal para apurar suposta denúncia de um ex-CC da Prefeitura têm prazo de 90 dias para conclusão dos trabalhos, prorrogáveis por mais 30 dias.
Alex Medeiros (PP), presidente; Graciano Pereira (PTB), secretário; e Rosalvo Duarte (DEM), relator, elaboraram ofício com questionamentos endereçados à Procuradoria-Geral do Município e estão no aguardo de respostas para dar segmentos aos trabalhos.
Projeto Arquivado
Essa semana, o processo de licenciamento do projeto Mina Guaíba foi arquivado pela Fepam. Acredito que escapamos de um grande dano ambiental na Região.
Leandro André
leandro.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 18/3/22