A Covid e a Bola

0
COMPARTILHAMENTOS
23
VISUALIZAÇÕES

Uma pandemia sempre coloca o ser humano frente a frente com a sua maior inimiga: a morte. Estamos (sobre) vivendo (e morrendo) há quase um ano e meio com a Covid-19, todas as suas ameaças e suas desgraças. Em algumas partes do mundo esse dilema e sofrimento dura mais tempo. Em outras, ela já acabou. E em raríssimas, ela nem chegou a existir (ainda). A nossa participação, enquanto brasileiros, assumiu um péssimo protagonismo nesse cenário: o de estar na vice-liderança – em números absolutos – na quantidade de casos e de mortes por milhão de habitantes. Perdemos apenas para os Estados Unidos. O detalhe é que eles já vacinaram 100% da população. Pelo menos aquelas pessoas que ‘queriam’ ser vacinadas.

Mesmo que seja muito difícil fazer uma comparação direta da velocidade de infecção e da mortalidade pelo mundo afora, basta a gente dar uma olhadinha nas notícias que chegam de outros países para perceber que a maioria deles – até mesmo os mais pobres do que nós – conseguiram desacelerar a propagação simultânea do vírus de forma mais eficaz. Muitos, nem sequer cogitaram o ‘lockdown’, inclusive. Enquanto isso, a brasileirada segue se contaminando e morrendo. Por que?

Primeiro: falta-nos, enquanto cidadãos, uma boa dose de bom senso e de disciplina em todos os sentidos e não somente no isolamento social. E isso, é claro, está associado à falta de lideranças. O povo brasileiro não acredita naqueles que ele próprio elegeu, principalmente porque gestão, transparência e ações coordenadas é tudo o que nos falta. E para piorar a situação, vivemos um dilema de polarização absurda e ridícula entre Lula e Bolsonaro diante de toda e qualquer situação. É uma coisa ou outra. Não há uma terceira via.

Segundo: sabemos que a testagem no Brasil é insignificante para a velocidade da pandemia. Assim é impossível confinar e tratar pessoas que positivaram para doença ignorando o fato de que identificação precoce retarda a propagação. A Rede Coronavírus Brasil e o Ministério da Saúde dizem que testamos até agora 41 milhões de pessoas. Isso dá 19,4% da população, enquanto que países como a Nova Zelândia testou 130% da sua gente. Sim, muitas pessoas foram testadas mais de uma vez. E é claro: confinou os infectados.

E pra encerrar: o negacionismo, como inverso da valorização da ciência. Numa pandemia é fundamental que pessoas especializadas sejam ouvidas, respeitadas e que, assim, tenham o poder de orientar quem toma as decisões. Desde que isentas de ideologias e cores partidárias.

* * *

Geração ‘mimizenta’, chuteiras coloridas, cabelos exóticos, tatuagens, muitas teorias de escolinhas de piso sintético, empresários, CBF corrupta e incompetente… Eis alguns dos principais ingredientes para a receita de tantos fracassos do futebol brasileiro. Dentro e fora do país.

Romário fazia orgias na concentração. Não treinava, saía no soco com torcedores. Na hora do jogo, resolvia. Ronaldo Nazário, acima do peso, joelhos estourados, confusão com travestis, mas metia gol de tudo o que era jeito e ganhou duas Copas do Mundo. Ronaldinho Gaúcho, o melhor de todos. Cachaceiro, cabelo horrível, dentuço, só brincava nos treinos. Na hora do jogo, driblava até o juiz e fazia gol de costas. Adriano Imperador, funkeiro de morro, fotos com fuzil, amigo de traficantes. No jogo, destruía. E agora temos Neymar: mala Louis Vuitton, jatinho particular, chuteira com tecnologia de ponta, camarote pros “parças” em eventos internacionais, leva garota de programa do Brasil para a França e apanha na cara, mas na hora do jogo cai mais que internet de pobre.

Definitivamente a bola não é mais nossa.

Daniel Andriotti

Publicado em 11/6/21.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *